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Projeto incentiva manejo ecológico para proteger saúde do solo dos extremos climáticos

por Melissa Maciel
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O último verão do Rio Grande do Sul vai ficar marcado por temperaturas acima da média, três ondas de calor e pouca chuva. Sob esta condição mais uma vez extrema, agricultoras e agricultores dos Núcleos Serra Gaúcha e Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia experimentaram semear crotalária, milheto, feijão de porco, mucuna e girassol para proteger a vida do solo. As sementes, 1.725 quilos, foram doadas por meio do Projeto Reconstrução Agroecológica no Sul do Brasil, pensado pelo Centro Ecológico com apoio do Fundo de Agroecologia, após as chuvas de maio e junho de 2024.

“Elas (as plantas) estão se adaptando bem ao calor, se criaram bem com esta seca. Tem algumas que as formigas comeram mais. Mas a crotalária tem de duas variedades, o milheto, os que tem mais. Girassol nasceu mais ralo, mas floresceu também”, relatou Jorge da Silva, da Agrisap de Santo Antônio da Patrulha, em fevereiro. Na metade de março, Jorge enviou um vídeo no grupo de WhatsApp do Núcleo Litoral Solidário, mostrando uma área de adubação verde roçada, para o cultivo de cana-de-açúcar, principal matéria prima da agroindústria da família, a Doces Silva.

De acordo com o agricultor, que em outros anos havia semeado crotalária, esta leguminosa renova bastante a terra. “Depois eu entrei com a cana e produziu bem. Produziu até melhor do que há dez anos, quando eu botava adubo. As minhas terras agora estão bem melhores”.

Na propriedade de Teresinha Spitznagel dos Santos, também da Agrisap, o primeiro plantio atravessou justamente a primeira onda de calor, entre 17 e 23 de janeiro e acabou não dando certo. “Estava muito seco e muito quente” , justifica a agricultora. Felizmente, parte das sementes ela guardou e semeou depois. No final de março, apesar do tempo continuar seco, Teresinha avalia que as plantas estão se mantendo mais. “Essa (adubação verde) também já está sofrendo, mas ela cresceu mais, estou achando que ela está bem legal”.

O local do plantio da adubação verde foi escolhido em função do impacto da chuva intensa do ano passado. “Isso aqui seria bom assim numa chuvarada, no caso ela (adubação verde) iria proteger. Como está seco, a gente plantou bem numa lomba e abaixo aqui tem umas bananeiras. A gente botou pra ela (adubação verde) proteger, pra não fazer valetas no meio das bananas. Pra baixo tem aipim também, e no último ano acabou arrancando até aipim, no caso, de tanta valeta que fez.”

Serra

Em Ipê, na Serra, a família Marcon semeou guandu, milheto e dois tipos de crotalária. Em fevereiro esta adubação verde estava em fase de crescimento ainda, mas Maiara Marcon já percebia alguns resultados. “Está ajudando muito porque protege desse sol forte, pra não atingir o solo. Em algumas áreas está sendo feito o acabamento dela pra proteger contra o sol e contra a chuva, melhorando a qualidade do solo e a matéria orgânica”.

Para o técnico Volmir Campagnollo, no Núcleo Serra Gaúcha este trabalho com a adubação verde, principalmente a de verão, está em fase de investigação. “Por exemplo: em certas propriedades nasceram todas as sementes certas. Em outras nasceu metade. Então a gente (Centro Ecológico) está tentando identificar o que tem de diferente de uma propriedade para outra, no solo ou manejo. Mas nós temos lugares que estão com quatro metros de altura a crotalária. Com uma massa muito boa. A gente está vendo bons resultados e os agricultores estão gostando. Então, acho que isso que é a parte mais importante. Eles estão abraçando a ideia”.

Adubação verde e trapoeraba

Ricardo Gonçalves Behenck e Simone Coelho Behenck, do Grupo Chapada dos Mesquitas, de Três Cachoeiras, foram além dos testes com as sementes de adubação verde nas áreas mais degradadas de um bananal. Com o acompanhamento do técnico Joaquim Martins, do Centro Ecológico, a família usou diversos tipos de trapoeraba.

“Tem que ser uma terra um pouquinho mais forte pra ele (a trapoeraba) vir. A terra está ficando bem escura, no sol ela funciona bem, nesses calorão aí ela segura bastante a umidade na terra. A gente viu que ela ajuda bastante em relação ao panamá (mal- do- panamá), tá ajudando bastante. Quando a gente quer fazer uma poda é bom de fazer, com a roçadeira, é bem macio, ela fazendo o ciclo dela, a gente roça e volta a crescer de novo”, explicou Ricardo.

Fonte: Centro Ecológico / Miriam Sperb

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