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Curumim: vizinhos transformam casas em expoentes da rivalidade Gre-Nal

por Central de Jornalismo
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Rolava o ano de 2010 e o Inter estava na crista da onda. Bicampeão da Libertadores e com vaga no Mundial de Clubes em Dubai. O comerciante de Canela Osmar Müller não teve dúvidas. Resolveu pintar a nova casa quase na beira da praia de Curumim toda de vermelho e branco, as cores de seu time do coração. Mas na residência ao lado, separada por um muro de apenas um metro de altura, moram gremistas, sendo o empresário de Terra de Areia Marcelo Oliveira o expoente principal. Marcelo garante que a história não é bem assim, de ter sido Osmar o protagonista. “A gente já estava pintando a casa de azul e eles pintaram de vermelho depois”, diverte-se. Bem, só uma máquina do tempo para ver quem foi o pioneiro, mas ele tascou a cor do Tricolor na residência pertencente aos seus sogros. E de lambuja colocou um enorme distintivo do Grêmio na parede principal. Começava assim a disputa das casas de temática Gre-Nal no litoral gaúcho.
Na sequência, para superar o vizinho, Osmar mandou grafar na parte mais alta da casa a frase “Aqui mora um colorado feliz, campeão de tudo”. Em seca de títulos, Marcelo optou em responder, lembrando do estilo guerreiro do Grêmio, colocando a frase “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra”. Depois vieram as bandeiras, somando três do Inter e duas do Grêmio na fachada das casas vizinhas. Na sequência, foram colocadas as bandeiras, que ainda estão tremulando lá, duas gremistas e três coloradas.
Osmar recorda que tem uma bandeira nova, mas decidiu não expô-la. “Sabe, eu trouxe uma bandeira mas não coloquei. O Renato disse que nós éramos cavalos paraguaios e ele árabe. E nós terminamos o Brasileirão passado na frente deles. Mas ela está aí num canto. Por outro lado, tive de tirar o campeão de tudo da inscrição, pois não ganhamos a Série B”, lamentou, após exigência de Marcelo.
Apesar de todas estas disputas, que podem parecer até implicância um com o outro, “tudo é uma brincadeira sadia”, garantiu Marcelo, homônimo de um dos jogadores do grupo tricolor, o contestado lateral Marcelo Oliveira. “Não fazemos um desafio, mas a gente começou a disputar quem tinha a ideia mais original”, recordou Osmar. “Afinal, não se pode deixar de lado uma amizade de anos. Mesmo que eu acredite que o Marcelo um dia ainda vá mudar de time, virando colorado”, ressaltou o comerciante da Serra.

“Para ele exigir alguma coisa, primeiro tem de ser tricampeão da América”, respondeu Marcelo. “E nos últimos três anos, o Osmar não teve muito o que ele falar. Teve de ficar quietinho”, retrucou o empresário de Terra de Areia.

Os vizinhos garantem que a rivalidade se concentra apenas em brincadeiras e piadas sobre os desfortunios do rival. Nunca descanbando para brigas e baixarias. “O Marcelo é uma pessoa maravilhosa, não é por estar em sua presença que vou mentir”, garantiu Osmar.
Residências viraram pontos turísticos
As casas viraram referências da praia. Pontos turísticos. As pessoas param, elogiam, tiram fotos. “Hoje mesmo vinha passando uma mãe e seu filho, e a mãe apontou a casa do Marcelo como a mais bonita. Aí o garotinho discordou dela, dizendo, mãe, eu gosto mais da cor vermelha”, alegra-se Osmar.
Para este 2019, Osmar, hoje com 69 anos, espera um ano melhor para seu time. Ele lamenta o que houve com a descoberta dos desfalques na gestão do ex-presidente Vitorio Piffero, que ele chama de fato vergonhoso. Mas para esquecer atropelos como este, acha melhor pensar em seu maior ídolo, o ex-capitão Fernandão, morto em 2014, apesar de o time dos anos 1970 com Falcão, Valdomiro e Figueroa lhe provocar lágrimas de saudade. “Estive no Japão, estive em Dubai. E no título mundial, em 2006, a atenção que recebi do Fernandão foi incrível. Fotos, autógrafos, muita conversa. Era um cavalheiro. Inesquecível”, descreveu.
Marcelo, por sua vez, disse que certamente o presidente Romildo Bolzan vai remontar o time do Grêmio neste novo ano, e a equipe vai para as cabeças. “Vamos brigar pela Libertadores. E o que mais quero? Um clássico Gre-Nal na final da Libertadores, afinal é o maior clássico do mundo”, projetou. “Olha o que a Conmebol fez este ano? Tentou fazer de Boca Juniors e River Plate o maior clássico, e foi este fiasco que vimos.”
Renato é o ídolo maior de Marcelo, 37 anos. “Não tem nem como comparar. O que ele nos deu nestes anos todos. Primeiro lá em 1983 a Libertadores e o Mundial, e agora, depois de anos de seca, quatro títulos”, enumerou. “Ele nos colocou num patamar inacreditável. Quase não dá para falar”, derreteu-se. O empresário também gosta de ressaltar o Grêmio do bi da América em 1995, com Paulo Nunes e Jardel no ataque. “Este time que ganhou agora a Libertadores e a Copa do Brasil se espelhou muito na equipe daqueles anos gloriosos”, comparou.
Rivalidade sadia
“Acho que não existe rivalidade maior do que o nosso clássico. E olha o exemplo que damos com a torcida mista. Até já combinei com o Osmar de a hora que tiver um Gre-Nal na Arena ou Beira-Rio vamos levar as duas famílias juntas. Estamos esquematizando isso”, revelou.
Por fim, após um longo e afetuoso abraço, os amigos concluem que a flauta existe, é gostosa. “Às vezes ficamos machucados, mas o principal é pregar a amizade e a rivalidade de forma sadia”, filosofou o gremista.
Fonte: Correio do Povo

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