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25% dos casos de intoxicação envolvem crianças no RS

por Central de Jornalismo
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O Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) realizou nos últimos cinco anos (2014 a 2018), em torno de 120 mil atendimentos, sendo 36 mil (30%) envolvendo medicamentos. Crianças menores de seis anos ocupam a primeira posição em número de atendimentos, respondendo por cerca de 30 mil (25%).

Nesta faixa etária, o pico máximo das intoxicações ocorreu em crianças de dois anos, e a grande maioria foi pela ingestão acidental ou inadequada de medicamentos.“É importante que os pais ou responsáveis adotem medidas simples de cuidados e prevenção para que ocorra uma redução do número de acidentes tóxicos com crianças”, alerta o médico toxicologista Carlos Augusto Mello da Silva, do CIT.

As crianças são vulneráveis à intoxicação por medicamentos via ingestão acidental. Por segurança, os produtos devem estar longe do alcance delas e, de preferência, armazenados em locais fechados e chaveados. Silva recomenda que os medicamentos não sejam colocados em mesas de cabeceiras ou gavetas com menos de 1,5 metro de altura.

O médico lembra também que, ao medicar uma criança, não se deve dizer que é bala ou guloseima. Ele destaca a importância do uso da dosagem adequada: “Uma criança não é um meio adulto. As doses pediátricas são precisas e consideram aspectos como o peso. Nem todo medicamento para adultos pode ser utilizado por crianças”.

No caso de suspeita de intoxicação ou de reações adversas, o usuário deve relatar imediatamente ao profissional de saúde que lhe receitou o medicamento ou buscar orientação junto ao CIT/RS. O serviço funciona há 42 anos, 24 horas por dia, sete dias na semana. O atendimento, prestado exclusivamente por telefone pelo número 0800- 7213000, é gratuito e dá as primeiras orientações.

Idosos

Os cuidados também devem ser intensificados com pessoas idosas e que apresentam problemas de visão ou de memória. O objetivo é prevenir confusões com o uso da medicação. “Uma forma de ajudar é etiquetar o medicamento com indicações de dosagem, horários de administração e modo de usar”, explica Silva.

“É importante observar o momento em que o idoso não tem mais condições de administrar sozinho sua medicação. Nesses casos, o ideal é delegar essa tarefa para um cuidador ou familiar.” Conforme Silva, os casos de intoxicação entre idosos crescem em função do aumento da longevidade da população.

O médico alerta que as intoxicações por medicamentos atendidas no CIT/RS incluem anticonvulsivantes, drogas de efeito no sistema nervoso central, ansiolíticos, drogas para melhorar o estado de humor e remédios mais populares, como analgésicos. Usar medicamento em dose superior à recomendada pelo médico ou até mesmo não prescrito aumenta as chances de reações adversas. Os efeitos no organismo podem levar à intoxicação e causar vários tipos de reações que variam de leves alergias até a morte.

“Doses terapêuticas preconizadas para melhorar os sintomas são seguras. As acima da recomendação, que excedem à dose terapêutica diária, ampliam as chances de reações adversas. As muito acima do preconizado são consideradas overdose e são tóxicas ao organismo”, explica o toxicologista.

Uso racional

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há uso racional quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses indicadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade.

O uso irracional ou inadequado é um dos maiores problemas em nível mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.

Silva cita a automedicação como uma das principais causas de intoxicação ou reações adversas entre adultos. “Não devemos tomar uma medicação porque fez bem a um amigo ou a uma vizinha. A medicação é individualizada, e os médicos consideram a situação de saúde de cada pessoa, doenças preexistentes e medicamentos que o paciente já utiliza a fim evitar interação medicamentosa.”

O toxicologista alerta que a automedicação pode também mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico e o consequente tratamento adequado. “Doenças diferentes podem apresentar alguns sintomas similares”, ressalta. Para evitar interações medicamentosas, quando realizar uma consulta, o paciente deve informar ao médico as medicações que já faz uso ou se é alérgico a algum remédio.

Descarte

É importante também haver cuidado com o descarte adequado. “O ideal é a pessoa não manter em casa sobras de remédios de uso eventual, como antibióticos”, salienta Silva. Existem bancos de medicamentos que recebem os produtos que estão dentro do prazo de validade. Os vencidos devem ser descartados em farmácias ou laboratórios que oferecem o serviço de coleta.

Fonte: Litoral na Rede / Secretaria da Saúde – RS