Produzir alimento agroecológico e integrar uma rede com mais de 4 mil famílias no Sul do Brasil foi a conquista de 41 agricultores e agricultoras de 16 grupos do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida ao concluir o Curso Princípios Básicos de Agricultura Ecológica na terça-feira, 4. Ministrado pela equipe técnica do Centro Ecológico nos dias 7,14 e 21 de agosto e 4 de setembro, no Centro de Formação Pastoral em Dom Pedro de Alcântara, o curso abordou, em 32 horas de aula, conteúdos como manejo de ervas, adubação verde, solos, adubos, aplicações foliares, associativismo e certificação.
“É de fundamental importância para o agricultor que quer entrar na rede fazer esse curso, tirei varias dúvidas que eu tinha”, destacou Jovana Moschen, do grupo Ecotorres do José, de Torres. “Depois que tu começa a fazer os cursos, conversar, tudo vai te entrando mais na cabeça, tu pensa de outro modo. Pensa que tava te matando com veneno”, recordou Marilene Carlos Selau, sobre o tempo em que usava agrotóxicos na propriedade no município de Mampituba. Hoje, com o incentivo do pai, faz parte do grupo Aliança por um Mundo Melhor.
Dando os primeiros passos na agricultura, o técnico em informática André Justo de Moraes, do grupo Tatu, município de Três Cachoeiras, considerou o módulo sobre manejo de solos o mais interessante: “Cobertura de solo, palha, adubação verde. A gente vê que difere um pouco do que a maioria faz, mas tu vê que é o mais certo para a necessidade da planta”. Já o companheiro de grupo, Patrique Castilhos Cardoso, que também é iniciante, se surpreendeu com a organização da Rede Ecovida e o sistema de certificação: “A questão da seriedade, porque não é só uma regra criada pelo grupo, pela Rede Ecovida, é uma coisa que a gente tem que levar em conta porque são leis do País e se alguém faz uma coisa de errado não prejudica só eu, mas pode prejudicar todo um grupo maior, talvez o grupo e talvez a própria rede”.
No Brasil, a Rede Ecovida de Agroecologia foi a primeira a desenvolver uma metodologia de verificação da conformidade orgânica dos alimentos produzidos pelas famílias. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, o Núcleo Litoral Solidário representa a Rede Ecovida e, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já em 2017 tinha 249 famílias certificadas.
Fonte: Centro Ecológico