Planejada há quase dois anos, a nova fábrica de uma conhecida marca de cerveja gaúcha já está em obras às margens da BR-101, em Três Cachoeiras. O projeto da Dado Bier envolve investimento de R$ 105 milhões nas duas primeiras fases. Começa com R$ 65 milhões para obter capacidade de 30 milhões de litros ao ano até 2021 e, logo que a produção entrar em marcha, injetará mais R$ 40 milhões para duplicar a capacidade. O plano final, ainda sem cronograma nem orçamento, é alcançar quantidade de 170 milhões de litros por ano.
– É a realização de um sonho de 27 anos – diz Eduardo Bier Correa, que dá nome à marca que se tornou conhecida antes de ter fábrica própria.
Essa aparente contradição da frase acima não é acaso. Dado relata que essa foi uma decisão tomada há 25 anos, quando se tornou pioneiro das cervejas artesanais no Estado. Ao estudar o mercado, percebeu que muitos casos de insucesso ocorriam quando a fábrica era construída antes de ter marca e mercado. Agora que vende 20 milhões de litros ao ano e só não cresceu mais do que 93% no ano passado, por falta de cerveja, era hora de investir.
A água, insumo crucial da cerveja, será do Aquífero Guarani, afirma Dado. Não será a primeira empresa a usar o manancial, devidamente autorizada pelo licenciamento ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A fábrica está a 20 quilômetros da divisa com Santa Catarina por razões logísticas. Fica mais fácil de recebe insumos e despachar a produção para o alvo: Região Sul e o sul do Estado de São Paulo. A capital paulista ainda não está no radar.
A beira da BR-1o1 é estratégica: a planta será uma vitrine para a marca. Contempla, a médio prazo, até restaurante, área de eventos e visitação. A escolha do município obedeceu a um quase capricho: Dado queria um nome bonito para colocar no rótulo como origem da cerveja. Três Cachoeiras atendeu ao requisito.
– Tive oportunidades, com convites atraentes, para levar a fábrica a Santa Catarina. Muitas pessoas diziam ‘Santa Catarina está bombando, vai pra lá’. Nem por um momento cogitei. Quero ficar aqui, acredito no nosso Estado. Estou muito contente com a decisão que tomei. Mas é fato que escolhemos o lugar mais ao Norte possível por razões logísticas e de mercado – relata o empresário, prestes a se tornar, de fato, um industrial.
Até uma característica local que poderia ser adversa – Três Cachoeiras é um polo caminhoneiro e foi alvo de grandes paralisações durante a greve de maio de 2018 – virou “ativo”. Os primeiros contatos com esse público mostraram boa recepção a um novo potencial cliente, relata Dado.
– Vamos ter carga disponível na casa deles. É incrível, todos em Três Cachoeiras têm um caminhãozinho ou algum vínculo com transporte.
Fonte: GaúchaZH