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Como os novos agroecologistas vivem a quarentena

por Central de Jornalismo
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Num momento em que milhões de pessoas encontram-se limitadas em moradias urbanas, muitas já sem dinheiro para comprar comida, três famílias que migraram da cidade para o campo contam como veem a quarentena de dentro de suas propriedades rurais no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Em comum, além da origem urbana, estas famílias integram o Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia e, apesar de muito preocupadas com a situação em geral, sentem-se privilegiadas pela escolha que fizeram algum tempo atrás.

“A gente se sente muito feliz por estar morando aqui no sítio, numa propriedade rural, porque a gente tem espaço, pra poder sair, ver o sol, caminhar, mexer na terra”, observa Jovana Moschen, do grupo Ecotorres do José. Há pouco mais de um ano, a agrônoma e o companheiro, Leonel Gauer, mudaram-se de Caxias do Sul, na serra gaúcha, para uma propriedade em Torres.

“Nossa rotina é praticamente normal: eu cuidando do sítio, minha esposa que é
médica e tradutora fazendo consultas online e os outros em home office”, descreve Hiran Guimarães Filho, do grupo Sal da Terra, que morava em Porto Alegre e desde 2017 produz em Osório.

Para a família de Alexandre Silveira Ramos e Rosilene Reuter, o que mudou mais no Sítio do Arvoredo foi a substituição da feira que grupo Agrisap faz sábados pela manhã, em Santo Antônio da Patrulha, pela entrega de cestas semanais. “A gente continua trabalhando em casa, plantando nossas coisas, colhendo, produzindo, tentando fornecer pras pessoas um produto sem nada de contaminação e continuando nessa linha da agroecologia, cuidando para que não tenha esse contato com o vírus, para não levar isso pras pessoas”.

Autossuficiência para preservar a saúde

Alexandre acredita que, se estivesse em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, estaria preocupado até com a falta de comida na mesa, caso estivesse sem trabalho. “Nós temos uma boa diferença do pessoal da cidade, um bom distanciamento, o que é um privilégio, além de ter a propriedade onde a gente produz o alimento”. A propriedade de Rosilene e Alexandre é bem diversificada. De fora, somente produtos de limpeza ou algum outro item. Arroz, compram do pessoal do próprio grupo Agrisap.

O Nosso Sítio, de Jovana e Leonel, ainda não é tão autossuficiente, tem mais frutas, hortas e verdes. O plano agora é plantar cada vez mais, mesmo que seja somente para autoconsumo. “Não tem como ser diferente nesse mundo que estamos vivendo, com problemas sociais, ambientais, estruturais. Eu acho que não tem como o povo não ver que o quanto é necessário a gente cuidar do meio ambiente, cuidar das plantas, da gente, da nossa saúde, do bem-estar”, pontua Jovana.

Núcleo Litoral Solidário promove a agroecologia na região

A Rede Ecovida de Agroecologia é formada por famílias agricultoras, consumidores, consumidoras, agroindústrias ecológicas, organizações de assessoria técnica, feiras, cooperativas e lojas. Reunidas em núcleos regionais nos três Estados do Sul do Brasil, essas entidades promovem a agroecologia. No litoral norte do Rio Grande do Sul, de acordo com dados de dezembro de 2019 do Centro Ecológico, 375 famílias organizadas em 45 grupos fazem Núcleo Litoral Solidário. A partir do final dos anos 1990, a Rede Ecovida desenvolveu uma metodologia de certificação participativa reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que garante a credibilidade dos alimentos agroecológicos produzidos por seus integrantes.

Fonte: Centro Ecológico / Míriam Sperb – MTB 0018334/RS