No final de 2019, em nome da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida no Brasil, Khanyisa e Rosa-Luxemburg-Stiftung, da África do Sul e Inkota –netzwerk e Misereor da Alemanha, decidiram elaborar um relatório sobre agrotóxicos proibidos em outros países e usados no Brasil e África do Sul.
“Decidimos fazer uma publicação para entrar mais a fundo neste tema e ter uma incidência politica mais forte, com pontos mais incisivos sobre princípios ativos altamente perigosos”, assinalou Alan Tygel, da Campanha, durante a live de lançamento da publicação na tarde de terça-feira, 28 de abril.
No evento, Flávio Vicente Machado, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a representante Guarani -Kaiowá Erileyde Domingues, denunciaram as violações de direitos humanos no Mato Grosso do Sul, onde aviões pulverizam agrotóxicos a menos de 15 metros da divisa dos territórios indígenas. Conforme o missionário e a liderança indígena, as pulverizações matam animais, como cães, envenenam a água e adoecem principalmente mulheres e crianças.
Fran Paula, da Campanha, destacou que o relatório lançado faz essa reflexão sobre a violação de direitos vivenciada por comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos. Fran Paula também ressaltou que, desde 2019, a Campanha está denunciando o número recorde de registros de agrotóxicos no País: 630 registros, sendo 44% de agrotóxicos não permitidos na União Europeia.
“Mesmo nesse período de pandemia, só essa semana tivemos no Diário Oficial da União 16 novos agrotóxicos registrados pelo Ministério da Agricultura, entre eles o dicamba, que é altamente volátil”, alertou a pesquisadora.
O PDF do relatório está disponível aqui: “Agrotóxicos perigosos – Bayer e Basf: um negócio global com dois pesos e duas medidas“, e no site da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. É uma publicação bastante detalhada, com tabelas da Pesticide Action Network (Rede de Ação contra Agrotóxicos (PAN).
Agroecologia faz contraponto ao uso de agrotóxicos
Ao relatar a situação da pandemia do novo coronavírus e a relação da Alemanha com os agrotóxicos, a pesquisadora Sarah Schneider (Misereor, Alemanha), chamou a atenção para um lado positivo, do apoio de consumidores à produção orgânica de pequenas propriedades, os chamados prosumidores. “Há muito interesse das pessoas de envolver-se, integrar-se nessas iniciativas”, afirmou Sarah.
Sobre o fato de a Campanha focar nos agrotóxicos perigosos e não em todos os agrotóxicos, Alan Tygel explicou: “Sabemos na prática que é possível alimentar a população sem nenhum deles, mas no contexto das reivindicações, sabemos que há agrotóxicos que oferecem perigo maior para sociedade e começamos nossa lista por eles”.
Fonte: Centro Ecológico