O recente estudo publicado em 27 de abril de 2020, conduzido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, da sigla em inglês), apresenta que durante as medidas de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, haverá aumento médio da ordem de 20% dos casos de violência doméstica em todo o mundo. Em termos globais, significa mais de 15 milhões de casos de violência por parceiro íntimo em 2020, a cada três meses de vigência das medidas de isolamento social.
Em entrevista para a Rádio Maristela, no dia 05 de maio, a coordenadora do Centro de Referência da Mulher Priscila Selau (CRM Torres), Claudia Biasi, afirmou que é possível observar pelas manifestações nas redes sociais, imprensa e no atendimento do CRM Torres que aumentaram os casos de violência doméstica nesse tempo de isolamento. Segundo Claudia, infelizmente, “ficar em casa nesse momento não é sinônimo de estar protegida para o caso da violência doméstica.”.
Rede Lilás Torres
Entidades locais se uniram na formação de uma rede de proteção às mulheres de Torres e região, envolvendo o Ministérios Público, Brigada Militar, Polícia Civil, CRM Torres, Universidade Ulbra Torres, Secretarias Municipais, Conselho Tutelar, entre outros. O propósito motivou o desenvolvimento de uma campanha nas redes sociais, produzida por universitários e profissionais da Ulbra Torres, em apoio ao combate desse crime que atinge não só as mulheres, também crianças, idosos e pessoas com deficiências, atingindo a vítima e toda a sua família.
Por meio do slogam, “Você está em casa, mas não está sozinha. Procure ajuda!”, a Rede Lilás divulga os telefones que atendem casos de violência 24h, como a Secretaria da Polícia Militar (180), a Brigada Militar (190), a Polícia Civil (197), além dos telefones do Ministério Público de Torres (51-3664-1788), CRM Torres (51-3626-9150, ramal 270) e da Delegacia de Polícia Civil de Torres (51-3664-1282).
Sobre a iniciativa, Claudia destacou que a Rede Lilás Torres reúne um grupo composto por pessoas e organizações, todos em prol de uma questão comum, proteger as mulheres vítimas de violência doméstica, especialmente, nesse tempo de pandemia que trouxe agravos para a situação de violência nas famílias.
Segundo a coordenadora, em Torres tem ocorrido atendimentos nesse sentido, sendo observados os reflexos do desemprego, da dificuldade financeira, no aumento de consumo de álcool, entre outros fatores que elevam os conflitos familiares.
“Mulheres que acabaram perdendo seus empregos, algumas domésticas, vendedoras… acabaram perdendo sua renda e, além de perder a renda, estão em casa tendo ainda o acúmulo de trabalhos domésticos que recaem sobre elas. Agora ainda sem escolas, dar conta dos filhos numa casa sem paz, onde os filhos passam a ver a violência entre os pais… e, de certa forma, também sofrem violência… é muito difícil e muito grave”, desabafa Claudia, relatando que em Torres, recentemente, foi necessário dar abrigo em outra cidade para mãe e filhos, visando a proteção da família agredida.
Casa abrigo, esperança do recomeço
Desde março de 2020, a Prefeitura de Torres firmou convênio com Casa Abrigo, cuja identificação e localização não são divulgadas para manter sigilo e segurança das vítimas. No local, as mulheres recebem acompanhamento profissional para se refazerem fisicamente, socialmente e, principalmente, psicologicamente.
De acordo com a Claudia, nas próximas semanas, uma reunião entre os gestores dos seis municípios que são atendidos pelo CRM Torres, pretende firmar parceria entre os municípios, tornando o CRM Torres o órgão regulador e fiscalizador das vagas nas Casas Abrigos e acompanhamento das vítimas.
Confira a entrevista da coordenadora do CRM Torres, Claudia Biasi para a Rádio Maristela, na íntegra:
O Centro de Referência da Mulher Priscila Selau está localizado na Avenida do Riacho, nº 850, Igra Sul – Torres, atendendo os casos de violência doméstica de Torres e também dos municípios de Arroio do Sal, Dom Pedro de Alcântara, Três Forquilhas, Morrinhos do Sul e Mampituba. O horário de atendimento durante esse período de pandemia é das 13h às 18h.
Central de Jornalismo – Rádio Maristela