O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida do Vaticano realiza nesta semana, de 9 a 12 de junho, o Fórum “Em que ponto estamos com Amoris Laetitia?” para refletir sobre as experiências e perspectivas de aplicação da exortação apostólica do Papa Francisco sobre “o amor na família”. No início do evento, nesta quarta-feira, o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo na qual convidou os participantes a retomarem o documento e identificarem as prioridades pastorais que melhor correspondem às necessidades concretas de cada Igreja local e a segui-las com “criatividade e zelo missionário”. O pontífice também pediu um “esforço especial” para formar os leigos, especialmente os cônjuges e as famílias, “para que compreendam melhor a importância de seu compromisso eclesial”.
O fórum conta com representações de 60 conferências episcopais e 30 movimentos eclesiais. O Brasil está representado pelos bispos e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bem como pela coordenação da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF). Na sexta-feira, o casal brasileiro Carlos Empke Vianna e Andréa Gonçalves Vianna, do Encontro de Casais com Cristo (ECC), fará uma exposição na sessão sobre “A espiritualidade dos esposos“.
Caminho sinodal
Francisco recordou que a exortação apostólica Amoris Laetitia é “o fruto de uma profunda reflexão sinodal sobre o matrimônio e a família e, como tal, requer um trabalho paciente de aplicação e uma conversão missionária”. O evento, segundo Francisco, está em continuidade com o caminho sinodal, “que deve concretizar-se nas igrejas locais e que requer cooperação, partilha de responsabilidades, capacidade de discernimento e disponibilidade para estar próximos das famílias”.
Famílias que evangelizam famílias
O Papa reforçou a missão e o compromisso dos leigos no anúncio do Evangelho, deixando de lado tanto o “anúncio meramente teórico e desvinculado dos problemas reais das pessoas”, assim como a ideia “de que a evangelização está reservada a uma elite pastoral”. Francisco destaca que cada um dos batizados “é agente evangelizador”.
“Para levar o amor de Deus às famílias e aos jovens, que construirão as famílias de amanhã, necessitamos da ajuda das próprias famílias, de sua experiência concreta de vida e de comunhão. Necessitamos de cônjuges junto aos pastores, para caminhar com outras famílias, para ajudar aos mais necessitados, para anunciar que, também nas dificuldades, Cristo se faz presente no sacramento do matrimônio para dar ternura, paciência e esperança a todos, em qualquer situação da vida”, pontuou.
“Assim como os esposos Áquila e Priscila foram preciosos colaboradores de são Paulo e sua missão, também hoje muitos matrimônios, e mesmo famílias inteiras com seus filhos, podem se tornar testemunhas válidas para acompanhar outras famílias, criar comunidade, semear sementes de comunhão entre os povos que recebem a primeira evangelização, contribuindo de maneira decisiva no anúncio do querígma”, sublinhou.
Corresponsabilidade da missão
Francisco aproximou os sacramentos do matrimônio e do sacerdócio. Um, assim como o outro, tem “uma finalidade direta de construção e dilatação do Povo de Deus”. O Matrimônio confere aos cônjuges uma missão particular na edificação da Igreja: “A família é ‘Igreja doméstica’, lugar onde a presença sacramental de Cristo atua entre os esposos e entre os pais e os filhos. Amor vivido na família é uma força constante para a vida da Igreja”.
Assim como a finalidade na construção e dilatação do Povo de Deus, cônjuges e ministros ordenados têm corresponsabilidade nesta missão.
“Assim como a trama e a urdidura do masculino e do feminino, em sua complementaridade, combinam-se para formar a tapeçaria da família, do mesmo modo os sacramentos da ordem e do matrimônio são indispensáveis para construir a Igreja como ‘família de famílias’. Poderemos ter assim uma pastoral familiar na qual se respira plenamente o espírito de comunhão eclesial”.
Convite
O convite do Papa aos participantes do Fórum internacional, que reúne responsáveis da pastoral familiar de mais de 60 Conferências Episcopais de todo o mundo, além de 30 associações e movimentos eclesiais internacionais, é que a Amoris Laetitia seja retomada “para identificar, entre as prioridades pastorais que nela se indicam, as que melhor correspondem às necessidades concretas de cada Igreja local e a segui-las com criatividade e zelo missionário”.
Francisco pede também um esforço especial para formar os leigos, especialmente os cônjuges e as famílias, “para que compreendam melhor a importância de seu compromisso eclesial”.
“Muitas famílias não são conscientes do grande dom que tem recebido do Sacramento, sinal eficaz da presença de Cristo que acompanha cada momento de sua vida. Quando uma família descobre plenamente este dom, sente o desejo de compartilhá-lo com outras famílias, porque a alegria do encontro com o Senhor tende a difundir-se e gerar outra comunhão, é naturalmente missionária”, afirmou Francisco.
Impulso pastoral diante dos desafios
Em sua mensagem, o Papa recordou o caminho sinodal sobre a família e a contribuição desse processo para ajudar a Igreja a trazer à luz tantos desafios concretos que vivem as famílias, como pressões ideológicas, problemas relacionais, pobreza material e espiritual, “e no fundo uma grande solidão pela dificuldade de perceber a Deus em suas vidas”.
Esses desafios, segundo o Papa, exigem renovado impulso pastoral em alguns âmbitos concretos, como a preparação para o matrimônio, o acompanhamento de jovens casados, a educação, a atenção aos idosos, a proximidade às famílias feridas ou a quem, em uma nova união, deseja viver plenamente a experiência cristã.
“Espero que essas jornadas de trabalho sejam uma boa ocasião para compartilhar ideias e experiências pastorais; e também para criar uma rede que, na complementaridade de vocações e estados de vida, em espírito de colaboração e comunhão eclesial, anuncie o Evangelho da Família, da maneira mais eficaz, respondendo aos sinais dos tempos”, desejou Francisco, pedindo a intercessão de Maria Santíssima e de são José.
Fonte: CNBB