Nesta época do ano é muito comum aparecerem animais marinhos encalhados na beira das praias do Litoral Norte Gaúcho e Sul Catarinense, principalmente no município de Torres, onde está localizado o Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) da Ilha dos Lobos. Entre esses animais, destaca-se o lobo-marinho subantártico (Arctocephalus Tropicalis), que frequentemente busca as areias da praia para descansar.
De acordo com o biólogo e secretário de Meio Ambiente de Passo de Torres, Roger Santos Maciel, os lobos-marinhos causam curiosidade nas pessoas por serem mais raros, e muitas vezes por falta de informação as pessoas agem de forma incorreta. “Com certa frequência costumo falar sobre o assunto, pois quando esses animais marinhos aparecem causam agitação nas pessoas. Mas é importante destacar, que esses animais, principalmente os que já foram resgatados possuem uma marca de identificação e são monitorados pelo ICMBio”, explica.
O 1° Batalhão Ambiental da Brigada Militar (1ºBABM/PATRAM) de Capão da Canoa relata que no último final de semana a equipe atendeu um chamado de regaste de um lobo-marinho no balneário de Rainha do Mar, em Xangri-Lá. O animal estava fraco e magro, e precisou ser encaminhado ao Ceclimar de Imbé. Ocorrências desse tipo são muito comuns nesta época do ano e o apoio da comunidade é fundamental.
Veja as principais orientações que as pessoas devem seguir ao avistar um animal marinho encalhado na praia:
- NÃO MEXER OU TENTAR RECOLHER O ANIMAL – Além de serem responsabilizadas criminalmente (Lei 9.605/98) as pessoas correm o risco de se infectarem ou transmitirem doenças para o animal, principalmente agora na pandemia do Coronavírus. Só deve fazer esse recolhimento o pessoal devidamente treinado e autorizado;
- NÃO SE APROXIMAR – Além do risco de contaminação, as pessoas podem ser mordidas ou bicadas, pois tratam-se de animais selvagens, embora pareçam inofensivos;
- RESPEITAR O ESPAÇO DELES – As pessoas devem deixar os animais repousando no local onde estão, pois é normal eles ficarem assim, em alguns casos os animais ficam até cinco dias descansando nas areias;
- NÃO DAR ALIMENTO – Não se deve dar qualquer tipo de alimento ao animal, pois caso o animal esteja doente somente a equipe capacitada poderá intervir na alimentação deles;
- O QUE FAZER? – Entrar em contato com o REVIS/ICMBio (51) 3664-4874, Polícia Ambiental de Torres (51) 3626-4798 e de SC (48) 3529-0187 ou ainda para o Ceclimar, em Imbé, (51) 3627-1309. Esses profissionais habilitados irão até o local verificar se o animal está machucado, se possui manchas de óleo ou se está fraco e não responde estímulos. Só a partir dessa verificação que providências serão tomadas.
Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) da Ilha dos Lobos
O REVIS da Ilha dos Lobos é uma unidade de conservação (UC) federal localizada a aproximadamente 2 km da costa do município de Torres. A UC abrange a Ilha e os 500 metros da área marinha ao seu redor, já a sua administração é realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.
É a única ilha costeira do Rio Grande do Sul, conhecida assim, porque todos os anos recebe animais chamados de Pinípedes, mamíferos marinhos do grupo das focas, lobos, leões e elefantes-marinhos. Apesar do nome “Ilha dos Lobos”, os animais em maior número são os leões-marinhos. Eles estão presentes durante o ano todo, mas é durante a primavera e o inverno que os machos saem de suas colônias reprodutivas no Uruguai para buscar locais de descanso e alimentação.
No REVIS há uma equipe que trabalha com pesquisa e monitoramento da biodiversidade, fiscalização ambiental, educação ambiental, diálogo com a comunidade e gestão das questões administrativas da área. O escritório localiza-se no Centro de Torres, na Travessa Francisco Teixeira, n° 16. Durante a pandemia, a maioria das atividades está sendo realizada de forma remota.
Segundo a instrutora e chefe do Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobo, Aline Kellermann, os leões-marinhos são mais comuns na ilha, mas são os lobos-marinhos que costumam aparecer nas praias e despertar a curiosidade das pessoas. “Geralmente são os animais mais jovens que realizam as grandes viagens e aparecem nas nossas praias. Apesar de passarem grande parte da vida no mar e lá se alimentarem, também possuem o hábito de procurarem as areias para descansarem. Por isso que ao encontrar um animal marinho, as pessoas não devem interagir com eles e comunicar as equipes especializadas, como o REVIS e a PATRAM”, orienta.
Em caso de dúvidas, curiosidades ou esclarecimentos, o REVIS Ilha dos Lobos possui canais de comunicação nas redes sociais Instagram e Facebook (@revisilhadoslobos), além de WhatsApp (51) 3664-4874.
Confira a entrevista concedida por Aline Kellermann e Daniela Martins do REVIS Ilha dos Lobos à Rádio Maristela, nesta terça-feira (17/08), sobre o assunto: