Após a conclusão do inquérito da Polícia Civil de Torres sob a coordenação do delegado Juliano Aguiar de Carvalho, houve o indício de nove pessoas pelo envolvimento em uma confusão que resultou na morte do policial rodoviário federal aposentado Fábio Cezar Zortéa, de 59 anos, em agosto de 2021, no centro de Torres.
O policial militar I.J.S.E., que efetuou os disparos que atingiram a vítima, foi indiciado por homicídio simples, tentativa de homicídio simples, fraude processual, omissão de socorro, disparo de arma de fogo em local público e lesão corporal. A defesa do policial diz que a ação se deu em legítima defesa. “A defesa do policial recebe esse relatório com extremada discordância e profunda divergência. Não aceitamos as conclusões lançadas pela autoridade policial”, afirma o advogado Mauricio Adami Custódio.
O policial militar D.B.M., que também estava na ocorrência, foi indiciado por omissão de socorro e fraude processual. A defesa afirma que além de não efetuar nenhum tiro, o agente também não cometeu os crimes descritos no inquérito.
A policial militar GMS foi indiciada por omissão de socorro, abuso de autoridade, lesão corporal e fraude processual, por supostamente ter alterado o local do crime.
O militar D.M.S.T.R. foi indiciado por ameaça, ele ficou no hospital fazendo a custódia de um dos filhos da vítima.
Mauricio Adami Custódio representa os agentes e considera que os policiais estavam tomados pela emoção do momento, que não podem ser julgados por exercerem suas funções.
Os policiais C.S.F. e V.N.L., foram indiciados por fraude processual e omissão de socorro. A defesa dos dois afirmou que vai provar a correta atitude dos PMs no decorrer do processo.
Além dos policiais, o vigilante PCFW, que ligou para a Brigada Militar e apareceu deferindo golpes em um dos filhos do policial rodoviário nas imagens, vai responder por lesão corporal. Ele não quis se manifestar sobre o processo.
L.C.Z. e F.A.Z., filhos do Fábio Cesar Zortéa, foram indiciados por dano simples, desobediência, desacato e resistência à prisão. F.A. responde também por lesão corporal, por ter atingido o rosto de um dos PMs com um carregador de arma.
O documento do resultado do inquérito destacou que a ação policial “no início se desenrolou dentro do exercício regular da função, mas mostrou-se desproporcional e sem razão, apesar da resistência apresentada por um dos envolvidos”.
No relatório foi mencionado o depoimento do médico que prestou atendimento, onde relatou que a demora foi de suma importância para a impossibilidade de sobrevivência do PRF aposentado. A investigação considera que houve abuso de autoridade quando houve uso de cassetete para agredir um dos envolvidos, o que, segundo a polícia, não teria necessidade técnica.
O inquérito policial foi remetido à Justiça de Torres que dará vistas ao Ministério Público que poderá acatar ou não as conclusões, oferecer denúncia pelos mesmos crimes ou outros, conforme seu entendimento, e ainda determinar outras diligências à Polícia Civil.