Em defesa dos povos do campo, das águas e das florestas, organizações sociais lançaram na terça, 2 de agosto, de Campanha Contra a Violência, no auditório do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, em Brasília (DF). O evento faz parte da programação do Seminário da 6ª Semana Social Brasileira, que acontece no Centro Cultural de Brasília, até o dia 4 de agosto. O lançamento foi em formato híbrido, presencial e com transmissão ao vivo pelas redes sociais das organizações que compõem a Campanha e, também, da CNDH.
Durante o lançamento foram apresentados relatos de casos de violência contra os povos indígenas, pela Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá), do Mato Grosso do Sul, e também do Território Campestre, comunidade Alegria, do município de Timbiras (MA).
Também foram apresentados dados atualizados sobre a violência no campo, sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Além da divulgação de uma Carta Compromisso contra a Violência no Campo, para que os candidatos e candidatas nas eleições de 2022 possam aderir, com link abaixo.
Violência no campo
Os assassinatos em conflitos no campo saltaram de um total de 20, em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Entre as vítimas estão lideranças que atuam na defesa dos direitos humanos e da natureza. Estes dados são apenas os que tiveram visibilidade nos dados oficiais ou na mídia, coletados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que faz parte de uma frente formada por 33 organizações de povos do campo, das águas e das florestas, que se uniram em uma campanha contra a violência no campo. “Essas situações se acirram a medida em que as políticas públicas e de fiscalização são desmontadas”.
De acordo com a análise dos dados do Grupo, no período de 2016 a 2021, houve 10.384 conflitos no campo, atingindo 5,5 milhões de pessoas, incluindo crianças, jovens e mulheres. “O número é 54% maior que o período anterior entre 2011 e 2015, confirmando que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi um golpe articulado entre setores do Estado e do capital, da mídia hegemônica e em particular ligada ao agronegócio”, denunciam as organizações sociais contra a violência no campo, em defesa dos territórios e da vida.
É importante ressaltar que tanto o aumento da violência como o de número de assassinatos se deu na região da Amazônia Legal, evidenciando a violência inerente ao processo de expansão do capital. As populações que mais sofreram violência no campo foram, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra, segundo os dados da CPT.
Entre 2011 e 2015 foram registrados pelo Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino, 6.737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. Já de 2016 a 2021, esses números subiram para 10.384 conflitos, atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial, crianças, jovens e mulheres. O que evidencia que o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff foi um golpe articulado entre setores do Estado e do capital, da mídia hegemônica e em particular ligado ao agronegócio.
Adesão à Campanha
No esteio desse processo de luta dos povos, enfrentar e superar a violência no campo se impõem como objetivo a partir da articulação e unidade das várias frentes de resistência e na defesa da vida. Por isto, como forma de articulação a Campanha propõe a adesão das organizações que apoiam o fim da violência no campo. No link abaixo, as organizações podem aderir à campanha #BastaDeViolênciaNoCampo (Clique aqui).
Fonte: CNBB