Alegando estar diante de uma crise financeira, o Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, no Litoral Norte, afirma manter a previsão de suspensão dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 7 de novembro. O anúncio foi feito em 5 de setembro, dando um prazo de 60 dias a partir da entrega de um comunicado ao governo do Estado.
Nesta quarta-feira (12), o presidente da instituição, Marco Pereira, disse para GZH que permanece com o planejamento de interrupção dos atendimentos em 26 dias, o que afetaria os setores de urgência e emergência (porta de entrada), centro obstétrico e cirurgias de urgência. Pereira enfatiza que não houve “nenhum movimento do Estado e dos municípios para os quais somos referência no atendimento: Tavares, Mostardas; Palmares do Sul; Capivari do Sul, Osório, Santo Antônio da Patrulha e Caraá”.
— A instituição hospitalar não possui recursos para dar continuidade aos serviços. Não há alternativa. Também estaremos realizando publicidade maior e mais efetiva para divulgar à população de Osório e dos demais municípios para que não procurem os serviços no hospital a partir de 7 de novembro — frisou.
O presidente do hospital comenta que há uma iniciativa, por parte do Ministério Público, que está tentando conciliar a questão e entrou em contato com municípios e o Estado. No entanto, Pereira afirma que não recebeu “objetivamente nenhuma solução” e que existe a possibilidade de dispensa de médicos e demissões de funcionários em breve.
O hospital tem uma dívida de R$ 59 milhões somada ao déficit mensal de R$ 1,3 milhão. Os custos mais pesados estariam na urgência e emergência, com déficit de mensal de R$ 215 mil e o centro obstétrico, com R$ 168 mil.
O que diz a Secretaria Estadual de Saúde
A Secretária Estadual de Saúde, Arita Bergmann, questiona o posicionamento apresentado pelo hospital e afirma que recentemente houve conversas entre ela e a direção, além de negociações com prefeitos da região, com mediação do MP, para propor alternativas.
— Nós trabalhamos com a possibilidade de o hospital não encerrar as atividades. A urgência e emergência são fundamentais. Só podemos incentivar serviços, o que o hospital pediu foi um recurso livre, isso não existe — argumenta a secretária da pasta.
Arita cita, entre as sugestões para maior arrecadação, o pedido de inclusão ao Ministério da Saúde para porta de entrada na Rede de Urgência e Emergência (RUE), que agregaria, segundo ela, cerca de R$ 100 mil reais mensais ao hospital, somados aos recursos já enviados pelo Estado para essa modalidade. A titular da pasta ainda cita que a instituição abriu um ambulatório de urologia, que gera cerca de R$ 70 mil em investimento estadual.
Outras alternativas propostas pela SES seriam estruturar um serviço de oncologia para receber mais recursos e atender pacientes de cidades mais distantes, como Torres, e a ampliação do programa Cirurgia Mais, que também tem contribuição do governo estadual.
Por fim, a secretária disse que foram aplicados R$ 3,5 milhões em investimentos no hospital para reformas do centro obstétrico, urgência e emergência, além da área de imagem, sendo R$ 1 milhão no dia 1º de setembro, R$ 765 mil em 22 de setembro e R$ 1,7 milhão que está encaminhado para um parecer técnico e para depois firmar um convênio e fazer o pagamento.
Em resposta, o presidente Marco Pereira reconhece que essas propostas foram feitas pela SES, mas diz que não resolvem o problema porque os novos recursos que entrarem precisam ser usados para cobrir os serviços, como a exigência de profissionais 24 horas na RUE e os custos com o centro oncológico. Além disso, ele afirma que a instituição tem prejuízos diante de convênios com o SUS, porque apenas uma parte dos gastos é coberto com verba pública.
Impactos
Se for confirmado o encerramento do atendimento pelo SUS, os pacientes de Osório precisarão ser encaminhados para hospitais de outras cidades, como Santo Antônio da Patrulha, Tramandaí, Capão da Canoa, ou, até Porto Alegre. Diante desse cenário, a secretária da Saúde diz que a gestão estadual está prevenida para realocar pacientes.
— O Estado não deixará a população sem assistência. Faremos nova referência para partos e para urgência e emergência, mas nós não queremos que o hospital feche — salienta Arita.
Fonte: Gaúcha ZH