As praias do litoral gaúcho e balneários no interior contarão com menos salva vidas do que o habitual neste fim de ano. De 212 guaritas no Estado somente 148 abrigarão guarda vidas, sendo 125 no litoral Norte, 15 no litoral Sul e 08 em águas abrigadas, de acordo com a Associação Brasileira dos Salva-Vidas Civis (Abrasvic).Apenas guarda vidas militares estarão disponíveis visto que, devido a edital do governo do Estado, guarda vidas civis poderão participar da recertificação – procedimento anual necessário para atuação no cargo – somente no dia 2 de janeiro. Eles devem assumir o posto apenas ao final da recertificação, que dura cinco dias, e do período para o lançamento de recursos administrativos, que dura mais três dias. Além disso, é preciso aguardar a publicação dos aprovados no Diário Oficial do Estado (DOE). Portanto, a previsão é que os guarda vidas civis estejam nas guaritas a partir do dia 15 de janeiro.
“É uma defasagem de 45% de efetivo em relação ao ano passado. Para ser bem franco, vai morrer gente [banhistas], o que não queremos”, alerta o presidente da Abrasvic, Marco Aurelio Montemezzo Vargas. Buscando uma solução para o problema, a Abrasvic se reuniu com representantes do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), nesta terça-feira. “Ouvimos os anseios dos guarda vidas civis temporários, compreendemos as reivindicações, mas não é possível alterar as fases do processo seletivo que foi estabelecido por edital”, afirmou o tenente coronel e coordenador da Operação Verão, Isandré Antunes.
“Infelizmente, não foi possível antecipar o edital ou realizar o processo de contratação de forma precoce em razão da lei anterior ter expirado em 2021. Assim, o CBMRS, precisou aguardar a votação da lei e aprovação que só aconteceu em novembro de 2022”, reitera Antunes. Sobre as guaritas que ficarão, neste final de ano, sem guarda vidas, o militar pede a colaboração da população. “Nesse sentido, é necessário que as pessoas busquem locais protegidos. Com a presença de guarda-vidas. O CBMRS estará divulgando nos próximos dias no site da corporação e junto a todos os canais de mídia, os locais onde haverá guarda-vidas de forma permanente, para que a população saiba onde buscar um lazer com segurança.”
Contudo, Montemezzo não conta com que a população ouça o pedido. “O pessoal não vai se deslocar para aquele local que está com guarnição. São moradores ou banhistas acostumados a ficar em um lugar específico. Vai ser bem caótico”, lamenta. “Em nome da categoria, pedimos uma saída que seja pautada com o estado e PGE, porque estamos alertando que ocorrerão mortes nestes dois grandes eventos: Natal e Ano Novo.” De acordo com o presidente, a categoria está pronta para iniciar os exames de recertificação desde já e, assim, assumir seus postos antes do Natal.
Outra questão que preocupa a Abrasvic é o pagamento dos guarda vidas civis. A inserção dos nomes no portal de recursos humanos do Estado deve se dar apenas depois do dia 15 de janeiro. “Então, vai acabar caindo para a folha de fevereiro e recebendo somente em início de março de 2023”, prevê Montemezzo. “Muita gente larga seu emprego para trabalhar na Operação Verão como guarda vidas e agora estão sem perspectiva.”
Fonte: Correio do Povo