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Dia Mundial do Doente é lembrado pela Igreja Católica em 11 de fevereiro

por Melissa Maciel
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Ver, aproximar-se do caído, sentir compaixão e fazer tudo o que estiver ao seu alcance. Esse é o ensinamento que Jesus deixou aos discípulos na parábola do Bom Samaritano. E o Papa Francisco recorda essa lição do filho de Deus na mensagem “Trata bem dele! – A compaixão como exercício sinodal de cura”,  por ocasião do XXXI Dia Mundial do Doente, a ser celebrado dia 11 de fevereiro. A data, instituída por São João Paulo II em 1992, faz memória ao Dia de Nossa Senhora de Lourdes.

Papa Francisco e os doentes. Foto: Vatican News

“A doença faz parte da nossa experiência humana, escreveu Francisco logo no início da sua Mensagem, mas pode tornar-se desumana, se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo desvelo e a compaixão”, ressalta Francisco na abertura da mensagem.

O acolhimento e o cuidado com os doentes é uma das ações mais antigas da Igreja que tem em seu campo pastoral instituições e pastorais que ofertam esse serviço. No Brasil, o atendimento aos enfermos é feito tanto pela Pastoral da Saúde, que atua em três dimensões: solidária, comunitária e sociotransformadora desde a década de 20, quanto pelos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística (MESCE), ministério instituído pelo Papa São Paulo VI, em 1969 ou ‘Ministros da Eucaristia’ – como são mais conhecidos, que tem como principal missão levar a Sagrada Eucaristia aos enfermos.

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, destaca que ao longo da história a Igreja sempre se fez presente no cuidado dos enfermos.

Ele lembra das ordens religiosas criadas para cuidar dos doentes e da Irmandade Católica das Santas Casas de Misericórdia, que no passado foram essenciais no cuidado com a saúde. Dom Joel destaca que essas instituições assim como a pastoral e os MECES “são serviços que exercem um papel importante nesse processo do cuidado com os enfermos, com os mais necessitados, especialmente, aqueles que vivem em situação de abandono”.

Levar Jesus e confortar os doentes

O portal da CNBB conversou com ministros e ministras da Sagrada Comunhão Eucarística que ofertam seu serviço pastoral à Igreja no Brasil por meio desse ministério. Ir ao encontro daquele enfermo, do abandonado, do fragilizado e levar Jesus, o amor e o conforto é a síntese da experiência dos MESCES que conversamos.

Vera Nilde Maciel Miranda serve na como MESCE na paróquia São João Evangelista, no bairro Mussurunga, na arquidiocese de São Salvador da Bahia. Ela conta que “servir à Igreja levando a Sagrada Eucaristia ao irmão, é levar a Igreja até ele; é fazer com que o irmão sinta a real presença de Cristo ali no seu leito, no seu canto; é levar o conforto de Cristo, a paz; é levar sobretudo o Amor”, disse.

Com apenas 9 meses de atuação como ministra, Audenise Conceição Costa da Silva, da paróquia São Lucas, na diocese de Maceió (AL), diz que a sensação de levar a Eucaristia a um enfermo é de amor e gratidão.

“Amor porque levar Jesus Cristo ao irmão é levar o alimento que fortalece nossa fé em Jesus pois ele é o alimento que nos fortalece na nossa caminhada cristã e gratidão pois me sinto privilegiada por poder fazer parte desse momento na vida dessas pessoas que mesmo diante de alguma situação sem esperança ainda acredita e espera em Jesus um milagre”, revela.

Para Alencar de Andrade, da paróquia São Roque de Faxinal do Soturno, arquidiocese de Santa Maria (RS), estar à serviço da Sagrada Eucaristia, representa viver o senso de pertença à comunhão eclesial, dada a ele através do batismo. “E poder servir à Igreja, de modo especial na pessoa do doente, me realiza por poder viver e sentir o milagre que a Eucaristia faz aos que a recebem”.

Alencar enfatiza ainda que tem percebido, diversas vezes, que pessoas se emocionarem ao receber a Comunhão. Segundo ele, poder proporcionar a experiência da comunhão aos que não podem mais ir à igreja, o alegra e o faz vibrar interiormente.

“Sabemos que somos finitos nesta terra. Estamos de passagem. Poder compartilhar das tristezas e sofrimentos e também das alegrias e esperanças causados pela doença ou mesmo idade avançada, me faz sentir-me também frágil, dependente da graça divina. As várias experiências já vividas e contempladas me fazem sentir, cada vez mais, a necessidade de ter uma intimidade maior com o Cristo Eucarístico, e buscar vê-lo na pessoa do irmão necessitado”.

Caminhar juntos

Voltando a mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente e em pleno percurso sinodal, o papa Francisco convida os cristãos a refletir sobre o fato de se poder aprender, precisamente através da experiência da fragilidade e da doença, a caminhar juntos segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura. “Se é verdadeiramente um caminhar juntos, ou se se vai na mesma estrada mas cada um por conta própria, cuidando dos próprios interesses e deixando que os outros ‘se arranjem’. Por isso”.

Ainda na mensagem, Francisco recorda que “nunca estamos preparados para a doença e muitas vezes nem sequer para admitir a idade avançada. Tememos a vulnerabilidade, e a invasiva cultura do mercado impele-nos a negá-la. Não há espaço para a fragilidade. E assim o mal, quando irrompe e nos ataca, deixa-nos por terra atordoados”.

O Papa finaliza a mensagem afirmando que “o Dia Mundial do Doente não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos” e que a conclusão da parábola do Bom Samaritano “sugere-nos como a prática da fraternidade, que começou por um encontro de indivíduo com indivíduo, se pode alargar para um tratamento organizado”.

“É muito importante para nós que somos ministro de Eucaristia, levar, ter compromisso com os enfermos, e também levar 0 carinho, levar atenção, porque muitos deles precisam ser ouvidos, né, então a gente para, a gente escuta, a gente sai da Igreja pra levar Jesus, mas sem ter aquela pressa de voltar, porque muitos deles estão necessitados da escuta, de ter ali pessoas para que ele possa ter um tempo para conversar e a gente tem que ter esse entendimento para com eles”, relata Edvania da Silva Costa Batista, da paróquia Nossa Senhora das Dores Santa Lucia, na arquidiocese de Maceió (AL).

Há 7 anos servindo como ministra da Eucaristia, Celma Regina de Souza Oliveira, da paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Rio Bonito (RJ) diz que se não fosse a obra que Deus queria fazer nela teria ficado orgulhosa! “Me achei importante, mas depois de pouco tempo e muito trabalho, concluí que sou apenas um instrumento nas mãos dEle”, diz.

Celma conta ainda que a experiência de levar Jesus aos enfermos é sempre um momento rico de troca. “Tenho diversos testemunhos de assistidos que foram renovados pós enfermidade e, com a proximidade da morte, mesmo impotentes, foram revitalizados por uma nova chance, sendo curados e levando muitos familiares à conversão. Estes testemunhos fortalecem o nosso ministério, a nossa vida, a nossa fé”.

Pastoral da Saúde

Em maio de 1986, a Pastoral da Saúde foi instituída oficialmente como uma das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sendo organismo de ação social e sociedade cívico-religiosa, organizada por tempo indeterminado e com sede itinerante (acompanha o coordenador nacional), sem fins lucrativos, legalmente constituída por Estatuto e Regimento Interno próprios e que desenvolve o seu trabalho em três áreas de atuação: Solidária, Comunitária e Sócio-Transformadora.

Confira a mensagem do Papa na íntegra:
Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente