A ponte pênsil sobre o Rio Mampituba, entre Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e Passo de Torres, em Santa Catarina, virou na madrugada desta segunda-feira (20). O fato trouxe à memória a queda da ponte em 1984, quando a estrutura desabou no momento do encontro das duas comitivas das cidades interligadas.
A queda na inauguração da ponte
Na ocasião, o prefeito de Torres, junto com secretários e vereadores, vinha de um lado. Do outro, liderando a comitiva catarinense, vinha o chefe do Executivo de São João do Sul, município que na época englobava a cidade de Passo de Torres. O protocolo previa o encontro das duas comitivas, que se cumprimentariam no centro da nova ponte para pedestres e inaugurariam a estrutura. No entanto, a ponte caiu antes disso acontecer. Ninguém morreu nem se feriu com gravidade.
De acordo com a reportagem de Zero Hora publicada na época, a ação rápida de moradores e outros presentes, em grande parte pescadores, e o fato de a antiga ponte ficar muito próxima à nova ajudaram no salvamento das vítimas do acidente. O jornal ressaltou o pânico na hora do acidente e o alívio pós-resgate.
O ex-prefeito de São João do Sul, Renato Porto Santos, disse a GZH em 2019 que acreditava que o peso da ponte estava muito acima do permitido — a capacidade, hoje, é de 20 pessoas. Se as reportagens mencionam que havia pelo menos quatro dezenas sobre a ponte, testemunhas falam em mais gente: 60, talvez até 70 pessoas.
A inauguração da obra era um evento aguardado nos dois municípios porque a ponte antiga, de 1964, era muito mais estreita e baixa (tinha capacidade para três pessoas por vez). Com maré alta, era comum os moradores atravessarem de um Estado a outro com água pelas canelas. Santos foi um dos que creditam à ponte velha, que ficava a metros da nova, a sua salvação. Conta que deu umas braçadas — aprendera a nadar no Rio Sertão — e a alcançou sem maiores dificuldades.
Presença da população
A ponte pênsil era utilizada com frequência pelos moradores todos os dias até o acidente desta madrugada de segunda-feira. O fluxo constante de pessoas transformou a estrutura em ponto turístico, sendo comum que alguns parassem no meio do local, registrassem uma selfie ou mesmo parassem para conversar.
Assim como a regra de “proibido pular e balançar a ponte”, descrita em placa na entrada, a capacidade de 20 pessoas por vez não era frequentemente respeitada. Na verdade, quem chega lá nem fica sabendo qual é o limite. Também não se via fiscalização.
Desde o incidente de 1984, a ponte pênsil foi interditada mais de uma vez e passou por várias obras. Em 2019, a administração de Passo de Torres trocou cabos de sustentação, fez remendos nas tábuas e trocou as telas laterais, segundo informações da Secretaria de Obras.
Fonte: GZH