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Sítio em Torres preserva palmeira nativa por meio do extrativismo e turismo sustentável

por Melissa Maciel
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Mais baixo e com frutos menores do que os primos de outras regiões do Brasil, o Butia catarinensis tem em Torres o que pode ser a maior área produtiva da fruta em solo gaúcho, conforme a engenheira florestal Carla Dornelles. Com sete hectares e cerca de 5 mil butiazeiros, a agrofloresta a poucos minutos do Centro do município é um refúgio para animais e insetos polinizadores. É também uma fonte de renda para a agricultora Marta Bergamo e o filho Uriel Röver.

A palmeira nativa, que só ocorre entre Osório e Sao Francisco do Sul, em Santa Catarina, e por isso é considerada endêmica, brotou naturalmente na terra arenosa do Sítio São José e ganhou força depois do furacão Catarina, em março de 2004. “A densidade do butiá sempre foi crescendo, principalmente depois do Catarina, que é uma característica que a mãe fala sempre, que foi fundamental para ele, porque à medida que a gente foi perdendo muita árvore (eucaliptos plantados), a gente começou a ver o tanto de palmeira que tinha butiá. Daí ao longo do processo a gente foi aperfeiçoando”, conta Uriel.

Depois que Marta descobriu o potencial do butiá em 2012, a família começou a dedicar uma atenção especial ao fruto tão aromático quanto delicado. A colheita entre dezembro e março é feita manualmente, em caminhadas duas vezes ao dia, à medida em que os frutos amadurecem, o que no calor, é um processo muito rápido. Na sequencia, os butiás são selecionados, sanitizados e conservados no freezer. Quando juntam uma determinada quantidade, é feita a despolpa na agroindústria da propriedade. A partir da polpa, a família produz o concentrado de butiá, sachês de polpa congelada, suco, e outras receitas que Marta, enfermeira aposentada, cria, adapta e testa, como molho chutney e a geleia. Além dos produtos feitos na propriedade, faz mais de dois anos que a polpa é fornecida para uma sorveteria premium de Torres.

Turismo ecológico

Desde que a agrofloresta foi regularizada junto à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) em 2021, com a assessoria do Centro Ecológico, a família começou a podar os butiazeiros, seguindo as orientações técnicas do órgão responsável pela gestão da política ambiental no Rio Grande Sul.

Chamado de limpeza do butiazal, inicialmente este manejo visava apenas facilitar a entrada de sol e a caminhada para a colheita dentro do sistema agroflorestal. Ao longo do tempo, perceberam que poderiam compartilhar o ambiente de trabalho com pessoas que quisessem aproveitar o butiazal como trilha para caminhadas. “A gente tem uma coisa diferente para mostrar, que é justamente o manejo do butiá. E as pessoas conseguem passear aqui muito tranquilamente”, diz Uriel.

Rota dos Butiazais

No Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, norte de Minas Gerais, Argentina e Uruguai, 200 sítios como o de Marta e Uriel estão conectados à Rota dos Butiazais. Além do uso sustentável dos diferentes tipos da palmeira nativa, a rede incentiva o turismo como forma de educar para a preservação dos ecossistemas associados ao butiá.

Dia Estadual do Butiá

Em 2021 a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou o projeto de lei que instituiu o dia 13 março como Dia Estadual do Butiá.

Fonte: Centro Ecológico

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