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“A beleza singular da Vida Consagrada”: reflexões do bispo dom Jaime Pedro Kohl em “A Voz do Pastor”

por Melissa Maciel
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O bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, ressaltou a singular beleza da Vida Consagrada no artigo dessa semana em “A Voz do Pastor”. Ele enfatizou que essa beleza surge da radical busca pela conexão com Deus e Seu amor, através dos votos de pobreza, castidade e obediência. O autor destacou que a Vida Consagrada não se alinha a padrões estéticos da sociedade moderna, mas sim à essência do coração daqueles que se dedicam intensamente à fé e aos valores do Reino de Deus.

Com uma visão atenta e contemplativa, dom Jaime expressou que a Vida Consagrada carrega uma beleza profunda, perceptível somente aos olhos puros e abertos à verdade. Ele observou que esta vocação representa uma graça imensa para aqueles que se sentem chamados a segui-la, servindo aos outros ou se dedicando à adoração de Deus. Em contraste com a mentalidade consumista e utilitarista, o autor ressaltou que a Vida Consagrada oferece uma verdadeira liberdade interior, permitindo que os consagrados estejam presentes em lugares onde poucos vão, proclamando o Evangelho do Reino.

Embora reconhecendo a diminuição das vocações, especialmente as femininas, dom Jaime apontou que isso não se deve à falta de chamado divino, mas sim à ausência de uma cultura vocacional que promova a escuta da voz de Deus e a educação em valores espirituais. Ele encorajou os jovens de hoje a considerarem a aventura de um amor imensurável ao optar por uma vida consagrada, reconhecendo que essa escolha não é simples, mas profundamente significativa.

Artigo na íntegra:

A Beleza Singular da Vida Consagrada

Nesta terceira semana, após termos refletido sobre a importância de líderes religiosos devotados e pais presentes, direcionamos nossa atenção para os consagrados e consagradas. É possível que nem todos compartilhem dessa perspectiva, o que é perfeitamente válido. É minha convicção pessoal que a Vida Consagrada, seja masculina ou feminina, carrega uma beleza encantadora que apenas almas simples e puras podem compreender. Essa beleza não deriva de padrões estéticos da moda ou do mercado, mas brota internamente, do coração daqueles que buscam com radicalidade a conexão com Deus e seu amor.

Através dos votos públicos de pobreza, castidade e obediência ao longo da vida, juntamente com o compromisso de compartilhar tudo em comum, emerge uma condição inefável no ser humano, uma beleza que escapa à descrição, somente perceptível aos olhos puros e atentos, contemplativos e abertos à verdade mais profunda e aos valores intrínsecos do Reino de Deus.

A vida de um jovem ou uma jovem dedicada ao serviço dos irmãos (vida religiosa ativa) e/ou à adoração de Deus (vida religiosa contemplativa, como a vida monástica e enclausurada) não é destinada a todos, mas representa uma imensa graça para aqueles que se sentem chamados a abraçar esse seguimento radical de Jesus. Essa escolha de vida, tanto para a família quanto para a comunidade de origem, é uma bênção, e para aqueles que são beneficiados por esse serviço, é uma fonte de graças. A riqueza dessa vocação só pode ser compreendida dentro da lógica da fé e do amor mais genuíno que se possa conceber.

Em contraste com a mentalidade utilitarista e consumista do mundo, esse modo de vida pode parecer covarde e insensato. O “mundo” muitas vezes não acredita na viabilidade ou na relevância disso, e muito menos que essa escolha possa trazer felicidade e realização pessoal.

Uma noção distorcida de liberdade frequentemente leva pais e familiares a verem a Vida Consagrada como limitadora dos direitos e da liberdade individual. No entanto, a verdade é que ela é uma fonte de liberdade verdadeira: uma liberdade interior, desprendimento de tudo e de todos – característica daqueles que renunciaram a tudo e não têm mais nada a perder. Por isso, eles podem estar nas periferias, nas fronteiras e nos desertos, proclamando o Evangelho do Reino de Deus, onde ninguém mais vai.

Devemos admitir que as vocações, especialmente as femininas, estão diminuindo. No entanto, isso não se deve à falta de chamado divino, mas sim à carência de uma cultura vocacional que promova a escuta da voz de Deus e a educação em valores espirituais e religiosos.

Para os jovens de hoje, que foram moldados por concepções equivocadas, optar por uma vida de completa dedicação pode ser um desafio. Ainda assim, sua generosidade não é menor do que a dos jovens de gerações passadas. Sua reação ao chamado “Eu não sou louco!” é compreensível. Ao refletirmos, eles têm razão. Deixar para trás as comodidades e os benefícios que o mundo oferece para se dedicar gratuitamente ao serviço dos outros e à oração não é uma escolha simples. É uma jornada para aqueles que são verdadeiramente chamados e que compreenderam o significado e o valor de uma vida consagrada.

O consagrado pertence inteiramente a Deus, alguém que foi admitido à intimidade pessoal, permitindo ser transformado internamente e reservado para uma missão especial. Nos dias atuais, precisamos de indivíduos que aceitem a aventura de um amor imensurável, apostando tudo em Deus e em seu Reino. Sim, a vida consagrada é verdadeiramente bela!

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