No dia 22 de dezembro, por volta das 23 horas, a região central de Passo de Torres, no extremo sul de Santa Catarina, testemunhou um grave incidente. Relatos de vizinhos e registros de câmeras de comércios locais registraram o impacto de raios na estrutura de uma construção civil. A construção afetada pelo incidente é um edifício comercial e terá dois andares, com lojas no térreo e salas comerciais no segundo andar.
O incidente resultou no desabamento parcial da obra, atingindo uma residência próxima, contudo, não houve vítimas ou feridos, apenas danos materiais foram informados. Segundo o engenheiro responsável pela construção, Maurício Machado, um raio atingiu o guindaste, tornando-se um condutor e rompendo um pilar estrutural. Esse evento desencadeou o colapso do pilar, gerando uma reação em cadeia devido à natureza pré-moldada da estrutura.
“Observamos sinais de queima no pilar afetado pelo raio, além de ausência de concreto aderente nos ferros, o que contrastava com outras partes da estrutura”, afirmou Maurício. Peritos da Defesa Civil do Estado, em um primeiro momento, corroboraram essa observação e aguardam resultados adicionais pela perícia do local.
Em um acordo preliminar realizado em 26/12, terça-feira, com os proprietários da residência atingida, ficou acordado que a família será realocada para uma casa em outro endereço, custeada pelo proprietário da obra. Além disso, a empresa responsável construirá uma nova casa para a família em um terreno negociado.
Raios raros
O fotógrafo torrense Gabriel Zaparolli, destacado por Maurício, registrou uma grande área de instabilidades na noite de 22 de dezembro e madrugada do dia 23/12 na região de Torres e Passo de Torres, resultando em uma quantidade significativa de raios, incluindo raios positivos extremamente intensos.
Zaparolli, em sua rede social, explicou o fenômeno raro na região, o “raio ascendente”, relacionado a tempestades capazes de gerar raios positivos com ramificações horizontais extensas, podendo estruturas metálicas muito altas produzirem esse tipo de evento, estendendo-se da estrutura até uma porção da nuvem e expandindo-se horizontalmente.
O 1º Tenente Ricardo Cavaler Bianchi, comandante do Corpo de Bombeiros de Sombrio, esclareceu que a obra estava em conformidade com as regulamentações, possuindo um projeto preventivo aprovado.
Acidente vitimou jovem dias antes do desabamento
No dia 20/12, dois dias antes do desabamento parcial da obra, um outro acidente vitimou o jovem Marcelo Alves Gonçalves, 19 anos, natural de Alegrete. A queda de uma altura superior a 10 metros deixou-o gravemente ferido vindo a óbito no hospital.
Maurício explicou que, no momento do incidente, o jovem não estava na periferia da obra, mas realizava serviços internos. Suspeita-se que Marcelo tenha se aproximado da beira da laje para conversar com um colega no andar superior, que estava guiando o operador do guindaste durante a operação de recolhimento da lança.
Talvez, por distração, não perceberam que o gancho havia prendido na viga do andar superior. Ao levantar o cabo, a viga foi puxada para cima, desencaixando-se dos pilares e caindo sobre a laje onde Marcelo estava, resultando na sua queda.
Em consulta ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA SC) a obra possui profissionais que assumiram a responsabilidade técnica, então não haveria indícios de irregularidades em um primeiro momento. “Os dois fatos que ocorreram foram graves e atípicos. Dentro de nossa competência legal iremos apurar”, afirmou o gerente de Fiscalização do CREA SC, Ingo Werncke.
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