Bianca Ferreira, gestante de 28 semanas, relatou uma experiência desumana durante sua visita ao Hospital São Vicente de Paulo em Osório em busca de alívio para uma enxaqueca persistente. Sua passagem pelo hospital se transformou em um evento marcante devido à falta de empatia e cuidado demonstrados pelo médico que a atendeu.
Desde sua chegada, Bianca enfrentou dificuldades no atendimento. O tempo de espera foi prolongado devido a conversas paralelas entre os funcionários da recepção. Após finalmente ser chamada para a consulta, Bianca foi recebida pela enfermeira, que expressou incerteza quanto à necessidade de atendimento médico, uma vez que a queixa de Bianca se resumia a uma dor de cabeça e não a questões obstétricas.
Durante a consulta, Bianca foi atendida por um médico, cujo nome ela não conseguiu identificar. Este profissional adotou uma abordagem inadequada e desrespeitosa ao sugerir que Bianca abandonasse o consumo de glúten para se livrar da enxaqueca, ignorando completamente as necessidades médicas reais da paciente e seu histórico de enxaqueca. Além disso, ele fez comentários insensíveis sobre o peso de Bianca, sugerindo uma dieta extremamente restritiva e desconsiderando sua condição hormonal.
A falta de sensibilidade do médico atingiu seu ápice quando ele fez comentários insensíveis sobre a perda anterior de Bianca e seu marido, que perderam um bebê após o nascimento. O médico havia perguntado se eles tinham filhos. Em resposta, disseram que sim, porém o bebê havia falecido após o nascimento. Eles foram surpreendidos com: “ENTÃO NÃO TEM NÉ?!”, causando grande angústia emocional a Bianca, que já estava fragilizada pela dor e pelas circunstâncias.
Bianca compartilhou sua história em suas redes sociais como um apelo para que outras mulheres não enfrentem situações semelhantes e para exigir um padrão de cuidado mais humano e compassivo nos hospitais. Ela ressalta a necessidade de respeito, carinho e compreensão, especialmente para as gestantes e mães que já passaram por traumas anteriores.
E novamente, foi surpreendida por uma avalanche de comentários sobre sua história, relatando outras mulheres e gestantes que se identificaram e compartilharam suas próprias histórias, até mesmo casos mais graves de violência obstétrica na mesma instituição hospitalar.
HOSPITAL
A reportagem do Jornal do Mar fez contato com o departamento de Assistência Social da entidade, que respondeu que não seria responsável pelo caso e que a ouvidoria retornaria à ligação. O Hospital São Vicente de Paulo não se pronunciou sobre o incidente, mas espera-se que medidas sejam tomadas para garantir que todas as pacientes recebam o cuidado e o respeito que merecem durante sua jornada de gravidez e maternidade.
Recentemente, em 11 de março, na Câmara de Vereadores de Osório, foi realizada uma audiência judicial com a Prefeitura de Osório e o Governo do Estado para discutir o futuro do hospital. A instituição está sob intervenção devido a problemas financeiros desde 2022, após pedido do Ministério Público que colocou o Estado temporariamente responsável pela administração.
O consenso entre as partes estabeleceu que ocorrerá a desapropriação pela prefeitura. Além disso, caberá ao Estado a gestão da instituição, que será realizada por meio de parcerias.
Enquanto isso, Bianca e tantas outras mulheres aguardam ansiosamente por respostas dos atuais gestores em relação ao caso, e almejam que o futuro da instituição seja marcado por um maior profissionalismo, empatia e cuidado para com todas as pacientes.
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