Em seu recente artigo, dom Jaime Pedro Kohl, bispo da Diocese de Osório, aborda a profundidade e os ensinamentos do Reino de Deus, um conceito central na pregação de Jesus Cristo, especialmente nos evangelhos sinóticos. Dom Jaime destaca que Jesus se identifica com o Reino de Deus e o apresenta como uma realidade já existente e em constante construção, sendo o critério fundamental para a organização de todos os demais valores na vida dos fiéis. No Sermão da Montanha, Jesus exorta: “Buscai, em primeiro lugar, o seu Reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6, 33).
Dom Jaime ilustra a dinâmica do Reino com parábolas, como em Mc 4, 26-34, onde Jesus compara o Reino de Deus a uma semente que cresce silenciosamente, sem que o homem saiba como. Esta comparação sublinha a diferença entre o Reino de Deus e os reinos terrenos: enquanto estes são caracterizados por ostentação e poder, o Reino de Deus opera silenciosamente, a partir do pequeno e humilde, mas possui uma força transformadora imensa. É como o sal que dá sabor ou o fermento que faz levedar a massa, e, na parábola do grão de mostarda, Jesus ensina que, apesar de ser a menor de todas as sementes, cresce e se torna uma grande árvore.
O bispo reforça que o Reino de Deus não é um reino material, mas um conjunto de princípios e valores que influenciam nossas relações com Deus, com o próximo, conosco mesmos e com o mundo. É um reino de harmonia e paz, onde a dinâmica é semelhante ao trabalho do agricultor: semear com fé e esperança, na certeza de que, um dia, a colheita virá. A mensagem de dom Jaime é clara: o Reino de Deus deve ser o objetivo primordial de todos os cristãos, guiando suas ações e escolhas diárias.
Você pode acompanhar essas reflexões sintonizando-se no programa “A Voz do Pastor”, na Rádio Maristela, aos domingos, às 8h50min da manhã.
Confira o artigo:
A dinâmica do Reino de Deus
Reino de Deus ou Reino dos céus é um dos conceitos mais usados no ensinamento de Jesus, especialmente nos evangelhos sinóticos. Jesus, em alguns momentos, se identifica com ele. Fala dele como uma realidade já presente e atuante, mas em contínua construção. No discurso da montanha, em Mateus, aparece como a realidade central a ser buscada, como se fosse o grande critério de valor em torno do qual devem se organizar todos os demais valores: “Buscai, em primeiro lugar, o seu Reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6, 33).
Jesus usa muitas parábolas para dizer que o Reino é importante e precioso. Em Mc 4, 26-34, que meditamos neste final de semana, deixa entender como as coisas funcionam no Reino, muito diferente das ideias e práticas dos reinos deste mundo. “Acontece com o Reino de Deus o mesmo que com o homem que lançou semente na terra: ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como”. E quando se dá conta, a colheita está pronta para ser ceifada.
O Reino de Deus não faz barulho, não é espalhafatoso. Segue a dinâmica do pequeno, humilde e pequenino, do escondido e insignificante, mas carrega dentro de si uma força impressionante. É como o sal que dá sabor, o fermento que faz levedar a massa. “É como o grão de mostarda que, quando é semeado na terra – é a menor de todas as sementes da terra – mas cresce e torna-se maior que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a tal ponto que as aves do céu se abrigam à sua sombra”.
Na oração que Jesus nos ensinou, pedimos a Deus Pai que venha o seu Reino. Certamente não é um Reino material, feito de bens e posses, mas de princípios e valores que têm a ver com as relações que mantemos com Deus, com os outros, conosco mesmos e com as coisas. Tudo muito interligado e interdependente, em plena harmonia e paz.
A dinâmica do Reino é essa: do homem que semeia e cultiva, certo de que um dia colherá. É a dinâmica da fé e da esperança cristã.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
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