No artigo publicado nesta sexta-feira (16), o bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, oferece uma profunda reflexão sobre a Vida Consagrada, comparando-a ao som do violino em uma sinfonia. Intitulado “O Violino na Sinfonia”, o texto explora a importância e a beleza dessa vocação dentro da Igreja, que é celebrado neste 3º final de semana de agosto.
Utilizando a metáfora da sinfonia vocacional, dom Jaime sugere que o violino é o instrumento que melhor representa a Vida Consagrada. Ele destaca que essa forma de seguimento de Jesus é a que mais expressa até onde pode chegar o ser humano quando responde ao chamado divino para trilhar um caminho de santidade.
O bispo relembra que, desde o início do cristianismo, homens e mulheres têm deixado tudo para seguir a Deus de forma radical, dedicando-se à oração, à pregação e à caridade, especialmente em favor dos mais pobres e sofredores. Ele menciona a evolução histórica dessa vocação, desde os anacoretas e monges até as congregações religiosas e novas comunidades contemporâneas.
Dom Jaime enfatiza que a vocação à Vida Consagrada é um dom da graça divina, uma resposta ao chamado de Deus, que sempre toma a iniciativa. Para ele, a consagração implica uma entrega total da liberdade, da afetividade e do direito de possuir, sendo uma vocação em que a pessoa já não se pertence mais, mas se entrega completamente a Deus.
O artigo termina com uma oração para que o Senhor conceda a todos a capacidade de reconhecer e valorizar as maravilhas que Ele realiza nos corações daqueles que respondem ao chamado com generosidade. Segundo Dom Jaime, quanto mais “violinos” na sinfonia, mais bela se torna a obra de Deus na Igreja e no mundo.
Confira a íntegra:
O violino na sinfonia
Seguindo a imagem da sinfonia vocacional, imagino que o instrumento que melhor qualifica a orquestra seja o violino, que comparo à “Vida Consagrada”.
A Vida Consagrada é a forma de seguimento de Jesus que melhor expressa até onde pode chegar o ser humano quando convidado por Deus a trilhar um caminho de santidade. Assim como aconteceu com os primeiros discípulos de Jesus, esses homens e mulheres deixam tudo para se doarem radicalmente ao serviço de Deus e dos irmãos, especialmente dos mais pobres e sofredores.
Desde o início do cristianismo, sempre houve pessoas que deixavam seus bens, casas e amigos, dedicando-se à oração, pregação e caridade. Historicamente, isso começou com os anacoretas, a vida monástica, os mendicantes e as congregações religiosas de vida ativa, atuando na saúde, educação, assistência social, evangelização e missão.
Recentemente, surgiram os Institutos Seculares e as Novas Comunidades. Todas essas formas de consagração assumem publicamente viver os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, geralmente com alguma forma de vida comunitária.
Cada chamado é uma história de amor entre Deus, que chama, e a liberdade da pessoa que responde. A iniciativa é sempre de Deus: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi e vos constituí para irdes e produzirdes fruto, e para que o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16).
Essa vocação é sempre um dom da graça divina; é o Espírito que irrompe, suscitando novas formas de Vida Consagrada próprias para cada época.
O diferencial desta vocação está na “Consagração”, na entrega total e para sempre da própria liberdade, afetividade e direito de possuir. O consagrado(a) já não se pertence mais, é todo de Deus e para sempre.
Toda consagração tem como referencial Cristo, o consagrado por excelência: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
Que o Senhor nos dê olhos para ver as encantadoras maravilhas divinas que vão se realizando nos corações daqueles que, ouvindo o chamado, respondem com generosidade e se entregam totalmente nessa aventura de fé e amor. Quanto mais violinos, melhor a sinfonia e mais bonito o mosaico.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
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