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Suicídio: cada vez mais precisamos falar sobre isso

por Anderson Weiler
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O suicídio é hoje um assunto de saúde pública no Brasil e no mundo

O mês de setembro é reservado para falar sobre o suicídio, mas o assunto deve ser falado o ano inteiro, pois ele está cada vez mais presente em nossas vidas.

De acordo com o portal do Ministério da Saúde, do Governo Federal, “o suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas o suicídio pode ser prevenido! Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo. Por isso, fique atento(a) se a pessoa demonstra comportamento suicida e procure ajudá-la”.

SETEMBRO AMARELO

O movimento Setembro Amarelo foi lançado em 2015 com o Centro de Valorização da Vida – CVV como um dos seus principais mobilizadores. A iniciativa visa contribuir com a quebra de tabus e a prevenção do suicídio no Brasil. O lema escolhido para este ano é “Atenção aproxima as pessoas”. O objetivo é conscientizar e promover a tônicade que um olhar atento, acolhedor e solidário pode fazer a diferença em meio às ocupações do dia a dia, quando as pessoas, muitas vezes estão mais focadas em si.

Com a campanha cada vez mais consolidada, o CVV busca agora ampliar o número de ações voltadas à conscientização da importância de se ouvir de forma empática, pautando a importância não apenas do cuidar de si, mas também do acolhimento de pessoas que fazem parte da convivência. “Influenciados pelo estresse e pela correria do dia a dia, muitas vezes deixamos de perceber quem está ao nosso redor, focando apenas em nós mesmos. No entanto, é importante lembrar que ouvir de forma empática não é apenas uma prática de autocuidado, mas também um gesto essencial de acolhimento para aqueles que convivem conosco. A atenção ao outro pode ser o primeiro passo para ajudar a salvar uma vida,” afirma Carlos Correia, voluntário do CVV e participante do Movimento Setembro Amarelo.

A escolha de setembro para promover o Movimento Setembro Amarelo está diretamente ligada ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que ocorre no dia 10. O Movimento é uma iniciativa comunitária que conta com a participação ativa de membros e entidades da sociedade civil em geral, não se limitando ao CVV, embora este seja uma das primeiras organizações a trazer à tona o debate sobre a prevenção do suicídio no Brasil.

SINAIS DE ALERTA

Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo.

O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas:

Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.

Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança:

As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.

Expressão de ideias ou de intenções suicidas:

Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:

“Vou desaparecer.”

“Vou deixar vocês em paz.”

“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”

“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”

Isolamento:

As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.

Outros fatores:

Exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.

Pedindo ajuda

Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis e pode ser muito difícil saber o que fazer e como superar esses sentimentos, mas existe ajuda disponível. É muito importante conversar com alguém que você confie. Não hesite em pedir ajuda, você pode precisar de alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de suporte.

Quando você pede ajuda, você tem o direito de:

Ser respeitado e levado a sério;

Ter o seu sofrimento levado em consideração;

Falar em privacidade com as pessoas sobre você mesmo e sua situação;

Ser escutado;

Ser encorajado a se recuperar.

Onde buscar ajuda:

CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);

UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais;

Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita).

Sobre o CVV

O CVV presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Cerca de 3 milhões de apoios foram oferecidos em 2023. Atualmente, a instituição tem cerca de 3.500 voluntários. Os atendimentos podem ser feitos pelo telefone 188 (sem custo de ligação), via chat e e-mail, disponíveis pelo site www.cvv.org.br, além de carta.

O CVV é uma entidade financeira e administrativamente independente, mantendo-se por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas – para colaborar, acesse https://www.cvv.org.br/colabore.

ONDE BUSCAR AJUDA EM TORRES

O município de Torres tem atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de segunda a sexta das 08h às 21h, além de oficinas, grupos e outras atividades desenvolvidas conforme plano terapêutico constituído junto com o paciente e o familiar ou rede de apoio.

Também é oferecido avaliações psiquiátricas. Quando indicado à internação, o fluxo segue  conforme a classificação de risco.

Mais informações no portal oficial do município.

FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

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