Aparência dos vegetais também é afetada pela emergência climática.
Desde a Semana da Alimentação, móbiles e bandeirolas com frases divertidas junto a hortaliças e frutas chamam a atenção de consumidores da Cooperativa Ecotorres para um sério problema global: o desperdício de alimentos. Cerca de um terço dos alimentos é desperdiçado, segundo o mais recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Nessa questão, a aparência desempenha um papel de destaque, sendo uma das causas apontadas para a rejeição, pelo mercado, de vegetais perfeitos por dentro, diferentes por fora.
Na região, mesmo entre as famílias que cultivam e levam seus produtos para venda direta, um levantamento informal mostrou que alguns produtos diferentes sequer são colhidos, outros ficam nas propriedades. “Tem coisas que nós nem colhemos. Fica direto na roça ou vai para a alimentação dos animais”, diz o jovem Natan Fernandes. Ele ignora a quantidade exata de alimentos rejeitados, mas acredita que fique em torno de 10% de tudo que é produzido pela família na comunidade de Raposa, em Três Cachoeiras.
A família Martins da Rosa, embora leve para a Feira Ecológica de Torres alimentos fora do padrão, porque ali há o contato direto com os clientes, ainda assim perde em torno de 20% da produção. “Os efeitos climáticos cada vez influenciam na qualidade do produto. Então está difícil produzir”, justifica a agricultora Nara Martins, da comunidade de João 23, em Torres.
A agricultora Cleuza Evaldt, acredita que, por semana, fiquem na propriedade de Morro Azul, em Três Cachoeiras, cerca de 20 quilos de alimentos fora do padrão devido aos eventos climáticos. “Somente consumidores orgânicos levam produto mais fora do padrão”.
Doações
No caso da banana orgânica, há a doação semanal, da Leal Comércio e Transporte de Produtos Ecológicos, de aproximadamente 400 quilos de frutas que, devido à aparência, não são comercializadas para os supermercados. “Se elas são pequenas, se têm a casca um pouco diferente, não são tão clarinhas, se têm algum machucadinho, toda é descartada. E esses produtos podem ser doados, consumidos. São produtos de excelente qualidade”, afirmou Nelson Bellé, em um vídeo de 2022, sobre esta logística realizada pelo Centro Ecológico. Semanalmente a equipe de organiza para buscar a doação em Santo Anjo da Guarda, em Três Cachoeiras e entregá-la na Sociedade Espírita Caminho da Luz e na aldeia indígena Nhu-Porã, em Torres.
GAW
A campanha Por Que Não Eu? Integra as atividades do Centro Ecológico dentro da Green Action Week (GAW – Semana da Ação Verde). A GAW é uma campanha da centenária Sociedade Sueca de Proteção à Natureza (SSPN) que convida organizações de dezenas de países a mostrar projetos e atividades de consumo compartilhado e sustentável. O Centro Ecológico faz parte da GAW desde a primeira edição em 2013.
Vídeos
Combate à fome com alimentos negligenciados pelo mercado https://youtu.be/CVw4q4dhJ60
Por que não eu? (Alimentos desprezados devido à aparência) https://youtu.be/FHQ-xo8s7fk
Por que não eu? Não me julgue pela casca! https://youtu.be/Srdrycx2U_E
Relatórios
Think Eat Save – Tracking Progress to Halve Global Food Waste https://www.unep.org/resources/publication/food-waste-index-report-2024
The Farm to Supermarket Waste Report de 2023 https://goodandfugly.com.au/pages/report2023
Fonte: ASCOM CENTRO ECOLÓGICO / JORNALISTA MÍRIAM SPERB – MTB 0018334/RS
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