Em 26 anos, estrutura torrense nunca esteve tão próxima de se tornar uma opção para empresas aéreas e turistas
O aeroporto regional de Torres foi construído e aberto em 1998 com o propósito de servir essencialmente aos turistas argentinos e voos charter, o que de fato não aconteceu. Desde então se tem o sonho de ver a estrutura torrense recebendo voos comerciais e colaborando para que cada vez mais a região seja visitada.
Com as enchentes de maio e junho, que invadiram também o aeroporto Internacional Salgado Filho, deixando o espaço completamente inoperante até o dia 21 de outubro, quando foi reaberto, as esperanças de receber voos comercias voltaram a reacender no Litoral Norte.
Lideranças da região se uniram e iniciaram o movimento em prol do aeroporto torrense, que até então era de responsabilidade do Estado. No dia 12 de julho, o Estado oficializou a passagem da outorga para a União e consequentemente para a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), que iniciou uma série de melhorias na estrutura do aeroporto, entregando nesta semana a primeira parte das obras.
PROCESSO
O movimento pelo Aeroporto Regional de Torres foi desencadeado pelo Fórum Empresarial de Torres em parceria com o SINSUCON RS – Secional Litoral, que buscou apoio na Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) para que a estrutura seja uma alternativa ao Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre.
Em primeiro de junho o Ministro de Estado da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, esteve em Torres, reunido com lideranças do Litoral Norte.
Após a comitiva do Ministro ser recepcionada, todos foram até a área de estacionamento das aeronaves, de onde se tem a visão da pista de decolagem. Logo em seguida iniciou-se a apresentação das estruturas e capacidades instaladas, dentre vários equipamentos disponíveis, bem como os instrumentos que serão necessários para que a operação possa ser tecnicamente liberada e autorizada pelos órgãos de regulação.
Durante a reunião foi citado por empresários que o Aeroporto de Torres tem uma pista 300 metros maior do que a do Aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro, e que aqui, também, não temos o problema com neblina, que Caxias enfrenta, por exemplo. Na oportunidade, Pimenta disse que o Aeroporto Regional deveria ser chamado de Aeroporto do Litoral Norte. Novas reuniões deverão ocorrer para tratar do assunto e outras autoridades de Brasília virão a Torres conhecer o aeroporto local. A vinda do Ministro criou expectativas entre lideranças presentes, visto que o tempo de espera, talvez até dezembro deste ano e os custos altos pra recuperar o Salgado Filho, possam justificar os investimentos necessários para o Aeroporto Regional de Torres funcionar muito em breve.
Em sua fala, Pimenta salientou o potencial da região e colocará uma pessoa para cuidar deste tema.
“Fiquei impressionado com o que vi aqui hoje. Vocês (lideranças da região) estão unidos em prol desta causa e a região tem um grande potencial, principalmente o turístico. Com o porto, que é outro grande empreendimento que vai atender a região, este aeroporto que não devemos mais chamar de aeroporto de Torres e sim de aeroporto do Litoral Norte e eu me comprometo em estar empenhado junto com vocês. Já na segunda-feira vamos colocar uma pessoa para cuidar deste assunto”, disse Pimenta.
No momento desta fala, o ministro foi aplaudido por quem acompanhava a entrevista coletiva no saguão do aeroporto.
HISTÓRIA
De acordo com o governo do Estado, O Aeroporto Regional de Torres, localizado no Município de mesmo nome, possui pista pavimentada de 1507 x 30m, com capacidade de suporte para aeronaves jato Boeing 737-500 e A319. O pátio de estacionamento de aeronaves tem área de 9600 m2 e capacidade de estacionamento de 2 aeronaves código 3C (B737-500).
O aeroporto foi construído e aberto ao tráfego em 1998 com o propósito de servir essencialmente aos turistas argentinos e voos charter, o que efetivamente, nunca aconteceu, apesar da região ser um dos destinos preferidos. Em 2011, instalou-se no local a Realizar Escola de Aviação Civil.
Entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, o aeroporto chegou a receber voos da Azul Conecta, operando com aeronave Cessna 208 – Caravan, com capacidade de 9 passageiros.
A infraestrutura tem operação visual (VFR) Diurna e Noturna.
MELHORIAS
Em cerimônia realizada na tarde da última segunda-feira (2), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) entregou a primeira parte das obras realizadas no Aeroporto Regional de Torres.
O responsável da Infraero em Torres, Gessilnei Gomes, explicou em entrevista à Rádio Maristela, as principais mudanças que foram feitas nesta primeira etapa.
“A Infraero está, depois de 60 dias de outorga, entregando a primeira parte das obras, que seria o alargamento da pista de táxi, que era 18 metros, passou para 26. Pintura na pista principal e também a sinalização do pátio e também instalação do PAPI. O PAPI é equipamento que auxilia as aeronaves e o piloto a pousarem mais próximo do ponto de toque da pista. O investimento de R$ 22 milhões,”, disse Gomes.
Segundo Gomes, as obras devem seguir com “o recapeamento de pista de táxi, recapeamento da pista principal e também o pátio principal. A gente fez com cinco aeronaves, cinco voos são para aeronaves e mais uma para helicóptero” completou.
O presidente da Infraero, Rogério Amado Barzellay, e o Diretor da Secretaria Extraordiária para Reconstrução do Rio Grande do Sul, Milton Zuanazzi e comitiva, não conseguiram embarcar no Aeroporto de Canela para participar do evento.
AVIÕES X BALÕES
Um dos principais assuntos que se debate na cidade, é a respeito do espaço aéreo, com aviões, helicóptero e balões dividindo o mesmo espaço. Gomes garante que nada mudará.
“Na verdade, não muda nada. Nós somos parceiros. Balonismo, Paraquedismo, são todos parceiros da Infraero. Viemos para somar”, afirma Gomes.
Para o presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, Rogério Daitx, a parceria com a Infraero facilita o trabalho de todos.
“Então, tudo na aeronáutica pode ser controlado e quando ela é bem coordenada, é tranquilo de operar. O balonismo agora, então ele é efetivado com uma cena permanente. Facilita bastante porque os horários que foi no passado, a prática do balonismo, que é o amanhecer e o entardecer, então facilita bastante as demais aeronaves que vão se aproximar de Torres, vão estar sabendo dessa informação, então facilita bastante para nós, é segurança para todos, e como mencionei, tudo coordenado facilita bastante”, afirma Daitx.
VOOS
O sonho de ter o Aeroporto Regional de Torres operando está cada vez mais perto de se tornar realidade. Conforme Gomes, a Infraero trabalha na infraestrutura para receber as aeronaves.
“No primeiro momento a gente está trabalhando com a infraestrutura, deixar a infraestrutura do aeroporto pronto para receber aeronaves 3 de área, Boeing 737, Airbus, e assim que tiver tudo finalizado as obras, e constantemente a Infraero também já está trabalhando junto com as empresas, para trazer elas para operarem aqui”, finaliza Gomes.
Após 26 anos da sua inauguração, a estrutura torrense em breve será mais uma opção para quem deseja conhecer o Litoral Norte e assim colocar a região no mapa de voos.
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