AO VIVO
AO VIVO
AO VIVO
Home » Propriedade atingida por deriva de agrotóxico é indenizada em Torres

Propriedade atingida por deriva de agrotóxico é indenizada em Torres

por Melissa Maciel
A+A-
Reset

Após a denúncia formal pelos canais da Secretaria da Agricultura, uma propriedade produtora de orgânicos em Torres será parcialmente ressarcida pelos prejuízos causados pela deriva de agrotóxico. Aplicado por drone numa lavoura vizinha, o herbicida atingiu a área produtiva no início de dezembro, inviabilizando o desenvolvimento e comercialização dos cultivos, fonte de sustento da família. Na mesma época, outras famílias agricultoras do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia relataram os mesmos sintomas nas plantas: folhas amareladas, retorcidas, disformes, entre outros problemas.

A propriedade recebeu a visita de fiscais do Departamento de Defesa Vegetal do Rio Grande do Sul e do setor de orgânicos do Ministério da Agricultura. Na imprensa local, o caso, que não é o único da região, repercutiu, e no dia 21 de janeiro o agrônomo Leonardo Melgarejo foi entrevistado pelo Padre Leonir Alves, no Programa Revista Maristela. A seguir, reproduzimos algumas falas durante o programa, do membro da Associação Brasileira de Agroecologia e do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, entre outras redes nacionais e internacionais.

Deriva

“A gente passa por alguém que está lavando o carro, usando aqueles esguichos de pressão, isso gera uma névoa, e a gente enxerga aquela névoa flutuando em torno da área de lavagem de carro. Se houver vento, essa névoa vai longe e conforme a constituição dessa névoa, a temperatura e a umidade do ar, ela pode ir muito longe. É o que acontece com os venenos, sendo que os venenos, em situações mais dramáticas, é jogada de avião. Sendo jogada de avião ela percorre distâncias muito maiores. É algo muito perigoso cuja única solução é a proibição. A proibição da pulverizacão aérea e dos venenos que já são proibidos em outros países, porque ofendem os direitos humanos”.

Direitos humanos

“Os agricultores da região, de Torres a Osório, pertencem a um espaço onde há um avanço bastante crescente da preocupação com a natureza e da disseminação dos princípios fundamentais da agroecologia. Eles convivem com outros agricultores que não têm essa visão. E essa convivência acaba impedindo que estes agricultores conscientes tenham direito a um trabalho. É mais uma ofensa aos preceitos constitucionais. Todo mundo no Brasil teria direito a trabalhar e colher os frutos do seus trabalho, desde que não estivesse fazendo algo contra lei. os agricultores de base agroecológica não conseguem produzir e colher produtos sem veneno se os vizinhos usam veneno”.

Proibidos em outros países

Grandes bancadas em todas as esferas governamentais defendem ideias equivocadas sob o ponto de vista científico, de que os venenos não são ofensivos no nível em que são ofensivos, de que nós podemos usar no Brasil venenos que já foram proibidos na França, Alemanha Inglaterra, em outros países, onde foram proibidos em defesa dos direitos humanos. Como algo que tem o limite de uso zero na França, aqui tem limite de 50? Como se fossemos mais resistentes do que as pessoas dos países que exportam estes venenos. Lá não pode usar. Aqui pode.

Denúncia da suspeita e não da confirmação

“As pessoas acreditam que a denúncia nos casos de intoxicação com agrotóxicos só podem ser feitas quando há comprovação de intoxicação. Não é assim. A denúncia deve ser feita quando há suspeita. Quando você imagina que o problema pode acontecer a denúncia deve ser feita porque isso aciona a atenção da sociedade para o acúmulo de manifestações que deflagra uma intervenção de pesquisa mais acurada. Não necessita que tenha a comprovação do médico de que eu fui intoxicado. Eu devo ir no Posto de Saúde e dizer: me sinto mal, suspeito que é pelo uso de venenos. Eu percebo que há uso de venenos em minha região e quero aqui trazer minha preocupação. Esse tipo de denúncia ajuda muito. Da suspeita, e não apenas da confirmação.

Canais

O agricultor que teve a área de produção atingida formalizou a denúncia pelo e-mail [email protected] e pelo WhatsApp (51) 98412-9961.

O site da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul é https://www.agricultura.rs.gov.br/canais-para-denuncia-de-deriva-do-2-4-d informa como denunciar problemas com herbicidas hormonais.

Fonte: Ascom Centro Ecológico