O laudo toxicológico dos cães mortos por envenenamento na comunidade Areia Grande, em Torres, confirmou a presença de Cumarina, Arsênio e Chumbo nas amostras analisadas. O resultado, divulgado nesta semana, reforça a suspeita de ação criminosa e em série que tem preocupado os moradores da região.
O caso ocorreu no início de junho deste ano e, em menos de um mês, 19 cães morreram na localidade. O crime seguiu sempre o mesmo padrão: sacolas com carne envenenada foram jogadas nos pátios e terrenos das residências. A divulgação do resultado do exame, anexado a um memorando da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo, intensifica a urgência das investigações.
INVESTIGAÇÃO
O delegado da Polícia Civil de Torres. Marcos Vinicius Muniz Veloso, informou que o caso está sendo investigado e que os policiais já estiveram no local. No entanto, ele ressaltou a dificuldade em elucidar a autoria do crime. “Não há nada concreto sobre a autoria. Seria muito importante que os moradores fornecessem informações ou suspeitas”, declarou.
O delegado explicou que o Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul não realiza exames em animais, apenas em humanos, e que a cidade de Torres carece de profissionais cadastrados para esse tipo de trabalho. Diante dessa lacuna, a autoridade policial está providenciando um chamamento público para que médicos veterinários da cidade ou da região possam se cadastrar como peritos “ad hoc”. O objetivo é que, em futuras ocorrências, a perícia em animais possa ser realizada com mais rapidez e sem custos para os tutores.

Uma das tutoras que tiveram animais vitimados é a advogada Lillian Machado, que perdeu dois cães dentro de sua propriedade. Ela foi uma das primeiras a registrar boletim de ocorrência e, desde então, atua diretamente na mobilização da comunidade e no apoio às investigações. A gravidade dos casos também se evidencia pela potência do veneno utilizado: uma das cadelas de Lillian, com 35 quilos, morreu em menos de 30 minutos após ingerir o alimento contaminado.
A potência das substâncias utilizadas é um dos fatores que mais assusta. Um dos cães de Lillian, uma fêmea de 35 quilos, morreu em menos de 30 minutos. A cumarina, encontrada nos exames, é um composto comumente usado em raticidas que provoca hemorragias internas. Já o arsênio e o chumbo são metais pesados altamente tóxicos que podem causar falência de órgãos e morte rápida.
Além da dor pela perda dos animais, o medo se espalhou pela vizinhança, já que as sacolas com veneno representam um risco também para crianças.
O QUE DIZ A LEI?
A Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) prevê, em seu artigo 32, que praticar abuso ou maus-tratos a animais é crime. Com a atualização da Lei nº 14.064/2020, a pena para crimes contra cães e gatos é de 2 a 5 anos de reclusão, multa e proibição da guarda de animais.
POLÍCIA PEDE AJUDA DA POPULAÇÃO
A Polícia Civil reforça o apelo para que a comunidade colabore com as investigações. Qualquer informação que possa levar à identificação dos responsáveis pode ser repassada de forma anônima.
CANAIS DE DENÚNCIA:
- Polícia Civil: (51) 3665-7813 / WhatsApp (51) 98682-7877
- Brigada Militar: 190
- Patrulha Ambiental (Patram): (51) 98608-0839
- Delegacia Online: www.delegaciaonline.rs.gov.br
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