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Fórum de Cultura de Torres denuncia invisibilidade, lança jornal Bicuiras e mobiliza comunidade pela valorização cultural

por Melissa Maciel
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A cultura de Torres não só existe como é pulsante e diversa, mas enfrenta sérios desafios que vão da invisibilização à falta de apoio público. Essa foi a principal mensagem transmitida pelos membros do Fórum Livre e Permanente de Cultura de Torres, Fernanda Carlos Borges, Maria do Carmo Rodrigues, Monique Vargas e Beto Castro, em entrevista concedida na terça-feira (23) à Rádio Maristela. O grupo abordou o tema “Existe Cultura em Torres? Fórum de Cultura responde” e desdobrou a discussão em questões fundamentais para o cenário cultural local.

Fórum de Cultura de Torres mobiliza comunidade e lança jornal Bicuiras para valorizar a identidade local

A conversa foi motivada por uma declaração de um jornalista local que, ao defender a não criação de uma Secretaria de Cultura específica, afirmou que “Torres não tem cultura”. Fernanda Carlos Borges relatou o choque de muitos moradores com essa percepção e levantou duas questões centrais: “Por que algumas pessoas não conseguem ver que existe cultura na cidade?” e “Será que esse processo está implicado em projeto de invisibilização sistemática do povo local?”.

Para combater essa invisibilidade e dar voz aos fazedores de cultura, o Fórum foi criado e já conta com cerca de 160 membros. Independente da administração pública, o grupo busca mapear, aglutinar e proteger a cultura local, além de articular políticas públicas que valorizem o patrimônio material e imaterial.

JORNAL BICUIRAS

Como uma de suas primeiras iniciativas, o Fórum lançou o jornal Bicuiras, nome de origem indígena que significa “moradores da praia” ou “marisqueiro mais antigo”. O título simboliza a valorização das raízes e da identidade local. O jornal, que em breve estará disponível online, tem como objetivo responder à questão inicial, apresentando a riqueza cultural de Torres.

Apesar da vibrante atividade promovida por artistas e grupos independentes, que incluem poetas, músicos, agricultores ecológicos, tradições católicas, terreiros de Umbanda e Candomblé, as instituições públicas de cultura em Torres enfrentam um colapso. Fernanda e Maria do Carmo alertaram para o fechamento da biblioteca e do Centro de Cultura, bem como para a degradação do Museu, atualmente fechado com seu acervo se deteriorando.

“Não é que não existe [cultura], existem dois mundos paralelos muito estranhos”, afirmou Fernanda, apontando a disparidade entre a força da cultura viva e o abandono dos espaços públicos destinados a ela.

Os membros do Fórum atribuem a situação a diversos fatores. Fernanda mencionou uma “perseguição sistemática contra artistas e intelectuais” em gestões passadas, alinhada a uma política nacional. Outro ponto crítico é a especulação imobiliária, que promove “gentrificação” e desloca populações tradicionais da orla do Mampituba para áreas periféricas.

Maria do Carmo criticou a “turistificação da cultura”, que transforma expressões culturais em produtos econômicos efêmeros, ignorando suas vozes originárias. Beto destacou que as dotações orçamentárias para a Secretaria de Cultura são historicamente mínimas e que a escolha de gestores sem afinidade com a área agrava a situação.

VALORIZAÇÃO DA CULTURA

Apesar dos desafios, o Fórum se mostra otimista. A atual gestão municipal tem recebido os representantes do grupo, e o Conselho de Cultura foi reativado, fortalecendo a participação comunitária. O Fórum realiza assembleias quinzenais no Ponto de Cultura Ecos de Angola, a próxima será nesta quarta-feira (24), às 19h, abertas ao público. Também mantém um canal no YouTube (@ForCult25) e uma conta no Instagram (@forcult.torres) com lives e conteúdos sobre a cultura local.

Para apoiar a continuidade de suas ações e a produção de novas edições do jornal Bicuiras, o Fórum está arrecadando fundos via Pix ([email protected]). Ao final da entrevista, os integrantes reforçaram o convite à comunidade para engajar-se na preservação do patrimônio cultural e na valorização dos fazedores de cultura, fundamentais para a identidade de Torres.

Confira a entrevista na íntegra:

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