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Dom Jaime reflete sobre a parábola de Lázaro e o risco do egoísmo que gera abismos entre ricos e pobres

por Melissa Maciel
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O artigo do bispo de Osório, Dom Jaime Pedro Kohl, intitulado “Os Lázaros da vida”, apresenta uma reflexão sobre a parábola do homem rico e do pobre Lázaro, narrada no Evangelho deste final de semana. Segundo o bispo, Jesus não condena a riqueza nem glorifica a pobreza, mas denuncia o abismo que a indiferença e o egoísmo criam quando falta solidariedade para com os necessitados, lembrando que a morte nivela a todos e cada um será chamado a prestar contas da vida que levou.

Na análise, Dom Jaime destaca que o verdadeiro problema não está nos bens materiais em si, mas no mau uso que se faz deles, quando o coração se apega ao que não é a verdadeira riqueza. Para ele, os bens, sejam poucos ou muitos, podem se tornar pontes que aproximam das pessoas e de Deus, ou abismos que afastam da eternidade feliz. A parábola, segundo o bispo, é um convite a viver de verdade, com partilha e amor, sem fechar os olhos às necessidades dos irmãos que sofrem.

Leia a íntegra:

Os Lázaros da vida

O Evangelho deste final de semana traz a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. O pobre desejava comer as migalhas da mesa do rico, mas ninguém lhe dava. É impressionante o egoísmo e a insensibilidade do rico diante das extremas necessidades do irmão caído ao chão, à sua porta.

Aconteceu que ambos morreram: Lázaro foi acolhido junto de Deus, e o rico padeceu na angústia eterna. As coisas se inverteram completamente, segundo a parábola. Não é intenção de Jesus condenar a riqueza nem glorificar a pobreza, mas denunciar o “abismo da separação” quando não existe solidariedade. Mostrar como o egoísmo e a indiferença cegam a sensibilidade para com o próximo, e isso tem o seu preço.

Esse dia chega para todos, com a morte que nivela a todos. Com um enterro luxuoso ou simples, enterrado ou cremado, parece que, do outro lado, todo mundo se encontra nu como saiu do seio de sua mãe, tendo que dar conta do que fez ou deixou de fazer com sua vida e com os dons com que foi agraciado por Deus Criador. A parábola deixa clara a sorte de cada um: felicidade plena, de um lado, e padecimento eterno, do outro.

O mais assustador não é o morrer, mas o não viver de verdade, fechando-se ao amor e à partilha. O próprio rico criou, já aqui na terra, a sua condenação, o abismo que o separa, ao se distanciar insensivelmente das necessidades de Lázaro (o pobre).

Como dizíamos, a parábola não despreza a riqueza, mas o mau uso que podemos fazer dela. O problema consiste em apegar o coração ao que não é a verdadeira riqueza. Lembremos aquela outra observação que nos faz o Evangelho: “Onde está o teu tesouro, lá estará o teu coração!”. Colocar a razão da nossa felicidade nos bens materiais pode ser um mau negócio, quando se perde a sensibilidade diante da situação dos irmãos que passam necessidade, onde quer que estejam.

Nosso futuro eterno é construído com o uso que fazemos dos bens, poucos ou muitos, não importa. Bem usados, tornam-se ponte; mal usados, tornam-se abismo entre nós, os irmãos e o próprio Deus. Essa ponte é o acesso aos céus. Como pessoas de Deus, fujamos das coisas perversas e busquemos aquelas que nos abrem as portas da feliz eternidade.

O que pode acontecer ao mundo se a distância entre ricos e pobres continuar crescendo?

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório