No artigo da série A Voz do Pastor publicado hoje (15), o bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, aborda a urgência da vigilância e da interpretação dos “sinais dos tempos”, com base no Evangelho de Marcos, que traz uma reflexão sobre a necessidade de estarmos atentos ao que acontece ao nosso redor. Usando a simbologia da figueira – que, ao brotar as folhas, sinaliza a proximidade do verão – Dom Jaime faz um paralelo com os desafios atuais, especialmente no que diz respeito à crise ambiental que vivemos.
O bispo destaca que, assim como a figueira nos ensina a perceber os sinais da estação, somos convidados a identificar as transformações em nosso meio ambiente e a refletir sobre nossas responsabilidades. “As mudanças climáticas que vivenciamos nos últimos anos, com maior frequência e intensidade, não têm como não nos preocupar”, escreve Dom Jaime, alertando para o fato de que os seres humanos são os principais responsáveis pela degradação ambiental. Segundo ele, é preciso mais do que nunca adotar uma postura de vigilância e ação, sem alarmismos, mas com a sabedoria que nos foi dada.
Dom Jaime conclui seu artigo com um convite à ação: “Os sinais são claros e apelam para o cuidado da vida em todas as suas dimensões e aspectos. O que posso fazer para colaborar na preservação da casa comum?”. Uma reflexão profunda que nos convida a repensar nossa relação com o planeta e a buscar soluções coletivas para garantir um futuro mais justo e equilibrado para todos.
Leia a íntegra:
Ler e interpretar os sinais dos tempos
No evangelho deste domingo, Marcos, para falar da nova comunidade de fé, do novo Israel, usa uma linguagem apocalíptica cheia de símbolos que precisam ser interpretados. Ele apresenta o exemplo da figueira: “Quando os seus ramos vão ficando tenros e brotam as folhas, sabeis que está perto o verão”. É um convite para estarmos atentos aos sinais, que falam por si, e para permanecermos vigilantes, sem alarmismos, mas com a sabedoria que nos foi dada.
As mudanças climáticas que vivenciamos nos últimos anos, com maior frequência e intensidade, não têm como não nos preocupar. Surge a pergunta: o que fazer para que a Terra continue sendo habitável por nós, seres humanos, e por todas as formas de vida? Uma coisa é certa: nós, humanos, somos os principais responsáveis. Sentimo-nos pequenos diante dos desafios que isso implica, mas não podemos nos omitir.
Sabemos que a crise ambiental reflete uma complexa combinação de questões políticas, econômicas e sociais. A degradação do meio ambiente não é apenas um problema técnico ou natural, mas também um resultado de decisões políticas e econômicas que influenciam a nossa relação com a natureza. Compreender e buscar soluções para essa crise exige uma análise mais profunda do impacto do nosso estilo de vida e das prioridades dos gestores públicos e privados, além de esforços coletivos e individuais para garantir a eficácia das políticas públicas de proteção ambiental.
A falta de eficácia nas políticas de proteção e a dificuldade em sensibilizar a nós mesmos para a necessidade de adotar práticas ambientais básicas, como a separação de resíduos, refletem um problema mais amplo de engajamento e responsabilidade. Precisamos refletir sobre o impacto do nosso estilo de vida, em vez de ignorar os problemas ambientais vigentes.
A governança desempenha um papel importante na busca pela sustentabilidade, exigindo ações participativas e democráticas no processo de elaboração, implementação e acompanhamento das políticas públicas ambientais. Os sinais são claros e apelam para o cuidado da vida em todas as suas dimensões e aspectos. O que posso fazer para colaborar na preservação da casa comum?
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
>> Receba as notícias da Maristela sobre o Litoral Norte gaúcho e o Sul catarinense no seu WhatsApp! Clique aqui e fique bem informado.