De maio a agosto, cidade revive a história de seu padroeiro com celebrações religiosas, eventos culturais, mobilização comunitária e solidariedade
A 199ª Festa de São Domingos mobiliza Torres em uma celebração que une fé, tradição e comunidade ao longo de quase três meses de programação. Desde maio, a cidade vive momentos de intensa devoção com peregrinações, missas, encontros sociais e ações solidárias, culminando nas grandes atividades previstas para os dias 3 e 8 de agosto. Com procissão motorizada, almoço festivo, pedal comunitário, café colonial e sorteios, a festa celebra a história do padroeiro de Torres e reafirma seu papel como um dos eventos mais significativos da vida cultural e religiosa do município.
A FÉ QUE ATRAVESSA GERAÇÕES

A cidade de Torres vive, mais uma vez, um de seus momentos mais emblemáticos e afetivos: a 199ª edição da Festa de São Domingos. Com uma programação que se estende por quase três meses — de 16 de maio até o feriado municipal de 8 de agosto —, a festividade reforça os laços da comunidade em torno da fé, da tradição e do convívio fraterno.
Em meio a missas, procissões, encontros, danças, almoços festivos, café colonial e até passeio ciclístico, a festa não é apenas uma expressão religiosa: é também um reflexo da identidade cultural e histórica de Torres.
O evento chega à reta final com uma intensa programação prevista para os últimos dias, incluindo o tríduo preparatório, a tradicional procissão motorizada e a missa festiva no dia 4 de agosto. No dia 8, feriado em honra ao padroeiro, o Pedal de São Domingos e o Café Colonial do grupo Retiro de Jovens de Cristo (Rejoc) encerram as comemorações com atividades voltadas à integração, solidariedade e fortalecimento da juventude católica local.
PEREGRINAÇÃO: O CORAÇÃO DA FESTA
A preparação da festa não se resume a reuniões e ensaios: ela é vivida nas ruas, nos lares e nos sorrisos de quem recebe a visita da imagem de São Domingos. Desde maio, os festeiros percorrem as comunidades levando a figura do padroeiro, promovendo celebrações e encontros em diferentes pontos da cidade.
As festeiras Joedna Pacheco Cardoso e Adelaine Tueb Garcia, a “Alemoa”, foram algumas das vozes a compartilhar essa experiência. Em entrevista à Rádio Maristela, destacaram o acolhimento recebido durante o percurso. “É uma caminhada de fé e amizade. A gente recebe muito carinho por onde passa”, relatou Adelaine, que participa pela primeira vez como festeira em Torres.
A peregrinação é marcada por encontros fraternos, celebrações comunitárias e, principalmente, pela renovação da espiritualidade. Segundo os festeiros, cada visita fortalece os laços de fé e reforça o propósito da festa: evangelizar, unir e agradecer.
A PROGRAMAÇÃO: FÉ E FESTA EM CADA DETALHE
A agenda da festa inclui momentos litúrgicos e também sociais, com atividades abertas ao público. Entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, acontece o tríduo preparatório, com missas na Igreja Santa Luzia sempre às 19h.
No domingo, 3 de agosto, ocorre o grande dia da festa, com a tradicional procissão motorizada, que sai do Parque do Balonismo e segue até a Igreja São Domingos, onde haverá bênção dos veículos e missa festiva. Em seguida, a celebração continua com almoço comunitário — cujos ingressos estão à venda por R$ 50 (adulto) e R$ 25 (infantil) — e uma tarde dançante animada por música gaúcha, apresentações do DTG e outras atrações culturais.
Outro ponto alto será o sorteio da tradicional rifa, que este ano oferece como prêmio principal um automóvel Onix zero quilômetro. Os bilhetes ainda podem ser adquiridos por R$ 25 com os festeiros ou na secretaria da paróquia. Durante a tarde, também estarão disponíveis lanches típicos como pastéis, bolos e quitutes caseiros.
PEDAL E CAFÉ COLONIAL ENCERRAM A FESTA
O dia 8 de agosto, feriado municipal em homenagem a São Domingos, será marcado por duas atividades muito aguardadas: o Pedal de São Domingos e o Café Colonial do REJOC.
O pedal, em sua oitava edição, terá saída às 10h em frente à Igreja Santa Luzia, com concentração a partir das 9h30. O percurso é leve e urbano, pensado para toda a família, inclusive crianças e idosos. A inscrição é gratuita, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado a instituições sociais da cidade. Haverá sorteio de prêmios, entre eles uma bicicleta zero quilômetro, e premiação especial para a bike mais enfeitada.
Às 15h30, acontece o tradicional Café Colonial promovido pelo grupo Rejoc, com buffet livre, incluindo queijos e salames da Serra, bolos caseiros e outras delícias. Os ingressos custam R$ 40 para adultos e R$ 20 para crianças de 6 a 10 anos, e podem ser adquiridos com os coordenadores do grupo, na secretaria paroquial ou com os festeiros. Toda a renda será destinada à realização do retiro anual, marcado para setembro.

HISTÓRIA VIVA: QUEM FOI SÃO DOMINGOS
Padroeiro da cidade, São Domingos nasceu em 1170, em Castela, na Espanha. Fundador da Ordem dos Pregadores, os dominicanos, foi canonizado em 1234. Destacou-se por sua dedicação à fé, sua vida de simplicidade e o compromisso com a verdade do Evangelho.
Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi quando vendeu todos os seus livros — seu bem mais precioso — para alimentar os pobres. Para Domingos, pregar não era apenas falar, mas viver o que se anunciava.
Também foi grande devoto do Rosário, que ajudou a popularizar como prática espiritual. Morreu em 1221, em Bolonha, na Itália, e permanece até hoje como símbolo de dedicação à fé e serviço à comunidade.
COMO SÃO DOMINGOS VIROU PADROEIRO DE TORRES?
A origem da escolha de São Domingos como padroeiro de Torres ainda é tema de pesquisa. Segundo o Departamento de Cultura e o livro Igreja de São Domingos das Torres e a Festa de São Domingos, do jornalista e historiador Nelson Adams Filho, há pelo menos três versões sobre essa escolha.
A primeira aponta a influência do agente fiscal Domingos Antônio da Costa Guimarães, figura importante na Torres colonial. A segunda versão se relaciona à ordenação do bispo dom José Caetano da Silva Coutinho, em Lisboa, justamente na Igreja de São Domingos, antes de assumir a arquidiocese do Rio de Janeiro.
A terceira hipótese remete a 1820, quando existia um oratório na casa de Francisco de Paula Soares de Guzmão. Para manter um oratório, era necessário escolher um santo protetor, e a devoção à São Domingos já estaria presente antes mesmo da construção da igreja no Morro do Farol.
UMA FESTA COM QUASE DOIS SÉCULOS DE HISTÓRIA
Em 2021, um grupo de historiadores locais atendeu ao pedido do pároco Pe. Leonir Alves e realizou um trabalho de datação da Festa de São Domingos. A investigação concluiu que a festividade remonta ao dia 13 de março de 1826, data em que a igreja foi provida.
Com base nesse marco histórico, a festa de 2021 foi reconhecida como a 194ª edição, o que confirma a tradição ininterrupta de quase dois séculos. O levantamento contou com apoio e aprovação do bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, e passou a integrar o calendário religioso oficial da cidade.
MUITO ALÉM DA CELEBRAÇÃO RELIGIOSA
A Festa de São Domingos é, hoje, mais do que uma celebração religiosa. É um movimento comunitário, que mobiliza dezenas de voluntários, jovens, lideranças, famílias e grupos pastorais. É um momento de reencontro, partilha, resgate de valores e fortalecimento da identidade cultural e espiritual de Torres.
“É uma honra participar dessa caminhada”, resume a festeira Joedna Pacheco. “A gente entra como voluntário e sai renovado. A cada comunidade, a cada gesto de carinho, percebemos o quanto essa festa é importante para o povo de Torres.”
Com a 200ª edição se aproximando, a expectativa é que a cidade celebre em 2026 não apenas o bicentenário da festa, mas também a continuidade de uma tradição que une fé, história, cultura e comunidade em um só coração.
Destaques da Programação Final:
Tríduo preparatório
31 de julho a 2 de agosto, às 19h – Igreja Santa Luzia
Dia da Festa
Domingo, 3 de agosto
Procissão motorizada: saída às 9h do Parque do Balonismo
Bênção dos veículos e missa: Igreja São Domingos
Almoço festivo, domingueira e sorteio da rifa
Pedal de São Domingos
Sexta, 8 de agosto, às 10h – saída da Igreja Santa Luzia
Inscrição: 1kg de alimento
Café Colonial do Rejoc
Sexta, 8 de agosto, às 15h30 – Ingressos: R$ 40 (adulto) / R$ 20 (crianças 6 a 10 anos)
Missa Conclusiva da Festa
sexta, 8 de agosto, às 19h – Igreja São Domingos
Foto: Pascom
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