Os dias de calor mexem com o corpo: a dilatação das artérias aumenta, a perda de líquidos é mais intensa e a digestão fica mais lenta. Não é à toa que a sensação de cansaço parece chegar mais rápido durante o verão. Para evitar problemas e manter a saúde em dia, fazer alguns ajustes na alimentação é muito importante. Além de apostar sempre na hidratação e em refeições leves, os cuidados com refrigeração e conservação de alimentos devem ser redobrados.
1) Saiba o que comer e o que evitar
As temperaturas altas do verão costumam gerar dilatação das artérias. Em consequência, há sensações de cansaço, fadiga e queda na pressão arterial. A digestão também é afetada, processando mais lentamente os alimentos.
– O calor atrapalha a digestão. Por isso, é importante optar por pratos mais leves, comer menos carnes vermelhas, dando preferência a peixe e frango. Além disso, a ingestão de frutas e verduras, importante ao longo de todo ano, é ainda mais recomendada – afirma Simone Bach, nutricionista que mantém o canal Cozinha Bach no YouTube.
Em relação às frutas e verduras, Simone ressalta a importância de ingestão das variedades com alto índice de betacaroteno, como laranja, abóbora, mamão, manga e cenoura. O componente atua na produção de melanina, protegendo a pele de manchas de sol e até ajudando no bronzeado.
– O betacaroteno está geralmente mais presente em frutas e legumes de cor alaranjada, mas também em vegetais verde-escuros, como couve e brócolis, embora em menor quantidade. Alimentos com vitamina C também são importantes, pois a vitamina atua com o betacaroteno na produção da melanina.
O médico Renato Bandeira de Mello, professor da UFRGS, aponta que essa é uma época em que família e amigos têm mais tempo para se encontrar e, às vezes, podem cometer excessos à mesa:
– As reuniões de família são comuns, mas é recomendável evitar refeições copiosas. O verão é uma boa época para investir em peixes e frutos do mar. Se não tiver como evitar aquele churrasco, é bom também consumir saladas e acompanhamentos mais leves, como aipim cozido ou uma salada de batatas sem maionese. Isso diminui a ingestão da carne.
2) Tenha cuidado redobrado com a conservação dos alimentos
Com as férias, muitas famílias saem da rotina. É recomendável pensar na alimentação antes de longos passeios na praia ou em parques. Água, sanduíches leves e frutas são bons aliados para não apelar para salgadinhos e frituras oferecidos em quiosques. Mas é preciso tomar cuidado com a conservação, como alerta Simone Bach:
– Para evitar contaminações, é melhor transportar o alimento por no máximo três horas em lancheira de neoprene. Já em coolers com gelo, por até oito horas.
O cuidado com a procedência e a refrigeração de alimentos deve ser redobrado nestes dias escaldantes.
– Geralmente, o número de infecções intestinais aumenta no verão, principalmente por conta do preparo e da conservação dos alimentos. A orientação é sempre dar prioridade a alimentos frescos e ter cuidado na manipulação e na refrigeração – afirma o médico Daniel Cardoso Barbosa.
Simone também recomenda cuidado com ovos e carnes cruas:
– É preciso evitar pratos que contenham ovos crus. Se usar o ingrediente, deixe o mínimo tempo possível fora da refrigeração. Peixes e carnes cruas também devem ser evitados ou consumidos apenas em locais de procedência confiável.
3) Hidrate-se mais (e da forma certa)
Água é recomendação básica para o ano todo, mas o cuidado com a hidratação deve ser redobrado no verão. A perda maior de líquido pela transpiração tem de ser compensada – e, para isso, não há nada melhor do que água pura.
– Refrigerantes e sucos industrializados são ricos em sódio e aditivos químicos. O corpo tenta eliminar estes compostos, aumentando a desidratação. Alimentos processados também têm altos índices de sódio e devem ser evitados – explica Simone Bach.
É preciso ter cuidado com água de coco e isotônicos:
– A água deve estar em primeiro lugar, mas a água de coco é uma boa segunda opção. Nesse caso, o ideal é tomar o coco in natura, já que há poucas marcas no mercado sem açúcar. Outra opção são os isotônicos, mas somente aqueles que não contenham corantes e açúcar, raros no mercado.
Bebidas alcoólicas também não são indicadas, mas o médico Renato Bandeira de Mello tem uma recomendação para quem não quiser abrir mão da caipirinha ou da cerveja:
– Para quem for tomar vinho ou caipirinha, é recomendável intercalar cada dose com um copo d’água. Se optar pela cerveja, pode tomar meio copo d’água a cada copo da bebida. Isso aumenta a hidratação e reduz a ingestão de álcool.
4) Fique de olho na alimentação das crianças
Com o calor e a agitação, é preciso ficar de olho na hidratação das crianças. O pediatra Daniel Cardoso Barbosa aponta que água e leite materno são os líquidos recomendados:
– É preciso evitar sucos, chás e refrigerantes. Suco parece ser uma coisa benéfica, mas mesmo os sucos feitos em casa reúnem uma quantidade grande de açúcar, o que pode render problemas futuros na criança. Já refrigerantes têm uma quantidade de sódio e açúcar que sobrecarregam os rins.
A gelatina, encarada muitas vezes como aliada, também não é recomendada.
– Gelatina é água, açúcar e corante. É falsamente uma coisa que alimenta e reidrata. É preferível oferecer uma fruta in natura e água do que fazer uma gelatina.
5) E na hidratação dos idosos
A desidratação pode causar sintomas como desmaios, fraqueza e queda de pressão nos idosos. O geriatra Renato Bandeira de Mello aponta que é preciso ter mais cuidado com pessoas acima dos 75 anos:
– Muitos idosos têm a sensação de sede diminuída por uma questão do envelhecimento cerebral. Eles não buscam a água por não terem esse estímulo neurológico. Por isso, é importante criar hábitos e horários, para consumir continuamente, ao longo do dia, de dois a 2,5 litros de água. Para tornar o líquido mais palatável, é recomendável usar hortelã, menta ou limão, sempre sem açúcar.
Fonte: Gaúcha ZH
Cinco dicas de alimentação para os dias de calor
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