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Mudanças climáticas desafiam abastecimento de hortaliças

por Central de Jornalismo
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Mal terminou a mais longa estiagem dos últimos anos no Sul e o ciclone-bomba de 1º de julho põe à prova a capacidade das famílias que fazem a Feira Ecológica de Torres, de abastecer as bancas nas próximas feiras. Entre as seis famílias, pelo menos duas tiveram poucas perdas na banana. Em relação às hortaliças, estragaram bastante. Mesmo assim os feirantes pensam que não vão faltar, mas a qualidade – em termos de tamanho dos produtos – poderá sim, ser afetada.

Nos dois hectares de agrofloresta de Jairo Bauer da Rosa, na Vila João 23, em Torres, o estrago foi, segundo o agricultor, insignificante. “É uma região onde o vento passou por cima, acho que derrubou uma árvore ou duas e umas três bananeiras”.

A agrofloresta da família Fernandes, na comunidade de Raposa, em Três Cachoeiras, também foi pouco afetada. O agricultor Paulo Fernandes estima que houve 30% de perda. “O que quebrou bastante foram as árvores que estavam no estrato superior, mas o bananal não foi muito atingido e está numa situação bem boa em relação aos outros que eu tenho visto”.

Já os bananais agroflorestais de Álvaro Carlos e José Weber Cardoso (Zecão) foram bastante impactados. “A destruição foi grande, uns 70, 80%”, calcula Álvaro. Na propriedade em Morro Azul, Três Cachoeiras, o agricultor observou que a copa das árvores mais altas caíram por cima das bananeiras, os abacateiros viraram inteiros e até as palmeiras juçara foram abaladas. “Nunca vi ripeira quebrar, desta vez quebrou”. ”O vento quebrou muito, quebrou banana, abacateiro, laranjeira, desgalhou, caiu tudo”, contou Zecão, sobre a agrofloresta de 18 anos em Mata Boi, Dom Pedro de Alcântara.

O que o consumidor pode esperar

Os feirantes relataram que foram muito atingidas as hortaliças mais sensíveis, como cenoura, beterraba, alface. Na cenoura, a experiência de Paulo Fernandes diz que as que já estavam com folhas poderão ter mais doenças, que se aproveitam do caminho aberto nas folhas danificadas. “Com certeza vai diminuir”, prevê o agricultor.

“A alface, já estava pouco mais danificada, rasgou. Os girassóis que a gente tinha, caíram, brócolis tombou um pouco, os tomatinhos a cerca derrubou”, contabiliza Jairo.
“Tá complicado o clima pra gente trabalhar, o reflexo é aqui na banca”. Conforme Jairo, a cenoura, que ele já plantou três vezes neste ano, pode levar até dois meses para recuperar.

Bananas de sistemas agroflorestais

Todas as famílias da feira cultivam banana prata em sistemas agroflorestais (Safs). Nestes sistemas, espécies nativas da Mata Atlântica são preservadas ou cultivadas junto com as bananeiras e outras árvores frutíferas.

O futuro é Panc

“As Panc (plantas alimentícias não convencionais) sofreram menos. São mais resistentes”, afirma Nelson Bellé, da equipe técnica do Centro Ecológico, sobre plantas como caruru, serralha, picão preto, picão branco, entre tantas outras que crescem espontaneamente nas hortas.

“Quem já provou sabe o que eu digo, do sabor que tem algumas de algumas Panc, Por exemplo o caruru. Ele não é tratado como um alimento. Isso eu acho que a gente precisa avançar neste sentido, nós precisamos ampliar, porque a gente está perdendo. Está perdendo nutrição, está perdendo solo, biodiversidade, perdendo a possibilidade de ampliar nosso repertório alimentar, de ter novos sabores, por falta de conhecimento”, falou recentemente numa live com Láercio Meirelles a especialista em Panc Irany Arteche.

Fonte: Centro Ecológico