Mas, se quisermos, com a graça de Deus, podemos tornar-nos terreno fértil, lavrado e cultivado com cuidado, para que a semente da Palavra amadureça. Já está presente nos nosso coração, mas fazê-la frutificar depende de nós, depende do acolhimento que reservarmos a esta semente. Muitas vezes somos distraídos por demasiados interesses, por inúmeras solicitações, e é difícil distinguir entre tantas vozes e tantas palavras, a do Senhor, a única que nos torna livres. Por isso, é importante habituar-nos a ouvir a Palavra de Deus, a lê-la. E volto, uma vez mais, a este conselho:
“Tende sempre convosco um pequeno Evangelho, uma edição de bolso do Evangelho, no bolso, na bolsa… E assim, lede um pequeno trecho todos os dias, para vos habituardes a ler a Palavra de Deus e a compreender bem que semente Deus vos oferece e a pensar com que solo a recebeis”. Este foi o conselho do Papa Francisco em sua alocução que antecedeu a oração do Ângelus, neste domingo, 12 de julho.
Refletindo sobre o Evangelho do dia, no qual Jesus conta a parábola do semeador, Francisco ressaltou que a Palavra de Deus, simbolizada pelas sementes, “não é uma Palavra abstrata, mas o próprio Cristo, o Verbo do Pai que se encarnou no seio de Maria”. Segundo o Papa, aceitar a Palavra de Deus significa aceitar a pessoa de Cristo, o próprio Cristo.
Assim como o texto de São Mateus, o Papa recordou as quatro formas citadas por Jesus que podemos acolher a semente da Palavra.
Como um caminho
A sementes caem pelo caminho, “onde as aves vêm imediatamente e comem as sementes”.
“Esta seria a distração, um grande perigo do nosso tempo. Oprimidos por tantas intrigas, tantas ideologias, contínuas possibilidades de distração dentro e fora de casa, pode-se perder o gosto do silêncio, do recolhimento, do diálogo com o Senhor, de tal forma que corremos o risco de perder a fé, de não acolher a Palavra de Deus. Vemos tudo, somos distraídos por tudo, pelas realidades mundanas”.
Como um solo pedregoso com pouca terra
Nele, a semente brota depressa, mas também seca rapidamente, porque não consegue criar raízes profundas.
“É a imagem daqueles que acolhem a Palavra de Deus com entusiasmo momentâneo, que no entanto permanece superficial, não assimila a Palavra de Deus. E assim, perante a primeira dificuldade, pensamos num sofrimento, numa perturbação da vida, aquela a fé que ainda é débil dissolve-se, tal como seca a semente que cai no meio do pedregulho”.
Como um solo onde crescem arbustos espinhosos
O Papa Francisco sublinha que os espinhos “são o engano da riqueza, do sucesso, das preocupações mundanas…”. Aí, continua, a Palavra cresce um pouco, “mas permanece sufocada, não é forte, morre ou não dá fruto”.
Um bom terreno
“Aqui, e só aqui a semente ganha raízes e dá fruto. A semente que caiu neste solo fértil representa aqueles que ouvem a Palavra, a acolhem, a guardam no coração e a põem em prática na vida quotidiana”.
O Papa fala da parábola do semeador como a “mãe” de todas as parábolas, “porque fala da escuta da Palavra”. Como uma semente fecunda e eficaz, é espalha por Deus em toda a parte com generosidade, sem se preocupar com o desperdício.
“Assim é o coração de Deus! Cada um de nós é um solo onde cai a semente da Palavra, sem excluir ninguém! A Palavra é dada a cada um de nós. Podemos perguntar-nos: que tipo de terreno sou eu? Pareço-me com o caminho, com o solo pedregoso, com os arbustos? Mas, se quisermos, com a graça de Deus, podemos tornar-nos terreno fértil, lavrado e cultivado com cuidado, para que a semente da Palavra amadureça. Já está presente nos nosso coração, mas fazê-la frutificar depende de nós, depende do acolhimento que reservarmos a esta semente. Muitas vezes somos distraídos por demasiados interesses, por inúmeras solicitações, e é difícil distinguir entre tantas vozes e tantas palavras, a do Senhor, a única que nos torna livres”.
Em seguida, Francisco recordou a importância de ter o habito de ouvir a Palavra de Deus, lê-la. E aconselhou a ter o Evangelho sempre à mão, ler um pequeno trecho todos os dias, “para vos habituardes a ler a Palavra de Deus e a compreender bem que semente Deus vos oferece e a pensar com que solo a recebeis”.
Tristeza
Na saudação após a oração, Francisco dirigiu uma saudação afetuosa a todos os que trabalham no mar, “especialmente àqueles que estão longe dos seus entes queridos e do seu país”. Nesta perspectiva, afirmou que o mar levou seu pensamento para Istambul: “Penso em Santa Sofia, e sinto-me muito triste!”, afirmou o Papa, recordando a decisão do governo turco de transformar a basílica símbolo do diálogo entre cristãos e islamitas em uma mesquita.
Fonte: CNBB / Da Central de Jornalismo