O post no perfil de Sandra Campagnollo no Facebook dia 29 de julho não deixa dúvidas quanto às diferentes expectativas sobre a onda de frio da semana passada na Serra do Rio Grande do Sul. O que para uns era uma possibilidade de ver neve, para quem vive de produzir alimentos era certeza de prejuízo. No Litoral, a apreensão maior foi causada especialmente pela desinformação que circula nas mídias sociais.
“O frio é comum, o problema foi a geada seguida de neve e com mais uma geada por cima. Perdemos bastante produtos, laranja, bergamota limão, todos caindo dos pés”, descreveu a agricultora de Ipê, na Serra do Rio Grande do Sul.
Na mesma região, em Nova Prata, a agricultora Eliane Comin, que perdeu cultivos como ervilha e morango por causa do frio, já contou 17 geadas neste inverno. Para ela, o problema foi a sucessão de eventos na última semana de julho: na quarta (28) geada, quinta (29) de noite, neve e sexta feira (30) mais uma geada no dia considerado o mais frio do ano.
“Como choveu os cultivos estão hidratados e não estão sofrendo tanto. Alface e coisas mais sensíveis estão sofrendo um pouco mais e não estão conseguindo se desenvolver. A gente planta, 15 dias depois parece que estão do mesmo tamanho. Está sendo bem complicado”, relatou a empreendedora da Horta da Eli.
Abastecimento da Feira Ecológica de Torres
Apesar do vento, do frio e das geadas da semana passada, o abastecimento de alimentos agroecológicos produzidos na região de Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul, ainda está garantido. Segundo os relatos das famílias que fazem a feirinha ecológica, a maior parte dos cultivos foi preservada. As únicas plantas que sofreram mais, conforme o agricultor e agrônomo Joaquim Martins da Rosa, de Torres, foram alface, ervilha de vagem e algumas outras mais sensíveis às baixas temperaturas.
“Pra mim foi uma geada normal, só não foi tão normal porque assustaram muito”, recordou José Weber Cardoso, o Zecão, sobre a divulgação, em mídias sociais como o whatsapp, de boatos prevendo até 15 graus negativos na região. Na propriedade em Dom Pedro de Alcântara, ele disse que houve muita geada, mas as hortas e as frutas não foram atingidas. “A banana é mais do morro, mamão é mais do morro, de dentro do bananal” (em sistema agroflorestal).
No mesmo município, as hortaliças de Eduardo Bauer, também ficaram protegidas nas três estufas. Ele teria quatro, mas uma foi perdida para o vento no final de maio. “Como eu não tinha nada (nenhum cultivo) na rua, não afetou”.
O vento aliás, preocupa tanto ou mais que o frio. “Alguma coisa sempre queima. Deu vento que também queimou as coisas, parece que é pior. Aí vem mais um friozinho em cima”, lastimou a agricultora e produtora de flores Cleusa Carlos, de Três Cachoeiras.
Em Morrinhos do Sul, a produção da família Strege Evaldt também não chegou a sofrer com o clima. “Em nossa propriedade não chegou a afetar. Não tem o que fazer, porque se tem cobertura, ainda dá, mas se não tem…Deu aquele vento, deu uma chuva gelada, mas não chegou a ser neve. Pra nós particularmente não foi tão grave”, relatou o jovem Elias Strege Evaldt.
Fonte: Miriam Sperb / Ascom Centro Ecológico