A perda de habitat e a poluição são ameaças já bem conhecidas que a fauna silvestre enfrenta atualmente, devido à proximidade cada vez maior entre cidades e ambientes naturais. Porém, outro problema tem se tornado cada vez mais recorrente: o ataque de animais domésticos.
O abandono de animais, assim como maus-tratos, é considerado crime, mas não é raro notar cães e gatos domésticos nas ruas. Por mais pacíficos e dóceis que possam ser, esses animais podem eventualmente atacar animais silvestres que ocorrem na região, como nas praias de nosso litoral. Estes ataques podem resultar em ferimentos por mordidas, arranhões e mesmo causar a morte de animais da nossa fauna nativa. A interação de cães com espécies migratórias, por exemplo, pode afetar o tempo de descanso desses animais que utilizam as praias após longas viagens e, consequentemente, aumentar seu estresse e gasto de energia, resultando na exaustão e em alguns casos até mesmo em sua morte.
Um estudo feito entre 2012 e 2013 (Amorim, 2014) avaliou as causas de morte de 50 lobos-marinhos no litoral norte do Rio Grande do Sul, demostrando que ao menos 38% dos animais encontrados mortos, foram em decorrência de ataques por cães.
Todos os animais merecem ter seu bem-estar atendido e merecem respeito. A praia é hábitat natural, local de descanso e de ciclo reprodutivo de diversos espécimes, porém não é o local ideal para os cães visto que eles podem contrair doenças de pele, verminoses e podem comer acidentalmente anzóis e águas-vivas, por exemplo. No verão, esses cães podem sofrer queimadura nos coxins, insolação e desidratação. Apesar desses cães serem identificados como “cães comunitários”, e portanto, possuírem uma afinidade com as pessoas e costume com o local, sabe-se que o lugar ideal para qualquer cão é em um lar que tenha cuidado, família e afeto.
Além disso, esse contato entre animais domésticos e a fauna silvestre pode resultar na transmissão de doenças nos dois sentidos. Algumas doenças como a leptospirose, toxoplasmose, sarcocistose e cinomose já foram registradas em populações de animais como lobos e leões-marinhos, os quais adquiriram pela interação com animais domésticos, seja pelo contato direto em ataques, ou indiretamente pela contaminação do ambiente através das fezes ou urina.
No município de Torres, existem diversos registros dessas interações negativas entre cães de rua e a fauna silvestre. No ano de 2020, por exemplo, um filhote da ave costeira conhecida por Piru-piru, a qual se reproduz nas dunas da Praia Grande, foi visto já sem vida na boca de um cão. Já em 2021, um lobo-marinho-subantártico foi atacado por três cães em mais de uma oportunidade, resultando em lesões visíveis pelo corpo do animal.
Dessa forma, a Diretoria de Desenvolvimento Sustentável da SMAURB Torres, em parceria com a unidade de conservação Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos e a ONG Gemars, está iniciando uma campanha para adoção de dois cães abandonados que vem sendo criados como cães comunitários na Praia Grande de Torres e cujas casinhas encontram-se posicionadas próximas à área de ninhos e ocorrência de outros animais costeiros e marinhos que visitam o local.
Pedimos a sua ajuda para encontrar um lar adequado e acolhedor para esses dois cãezinhos serem adotados juntos. Além da contribuição para a qualidade de vida dos dois, toda a fauna marinha e costeira também será beneficiada!
Interessados entrar em contato através do e-mail [email protected] ou telefone 3626-9150 ramal 247.
Fonte: Ascom PMT