Com saída marcada para o dia 21 de abril, a peregrinação do Caminho da Gratidão chega à sua quarta edição oficial, levando peregrinos de Torres/RS até o Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento/SC, em um percurso de 420 quilômetros que une desenvolvimento espiritual, cultura, história, turismo, gastronomia, belezas naturais e um forte senso de comunidade.

O Caminho da Gratidão é uma rota de peregrinação que passa por 19 municípios entre o Litoral Norte gaúcho e o Litoral Sul catarinense, promovido pela Associação dos Amigos do Caminho da Gratidão com apoio da Secretaria Municipal de Turismo de Torres. Em entrevista à Rádio Maristela, na última quarta-feira (16), representantes da associação, a presidente da entidade, Marinei Gomes Santos, o vice-presidente José Abel, o secretário José Heriberto de Oliveira, e o turismólogo da secretaria municipal de Turismo, Francisco Reis, apresentaram os detalhes da caminhada deste ano, que acontece ao longo de cerca de 19 dias, com uma média diária entre 16 e 32 quilômetros percorridos.
Segundo Marinei e José Heriberto, a iniciativa surgiu ainda em 2019, mas teve os planos interrompidos pela pandemia. A primeira caminhada oficial aconteceu em 2022, consolidando o trajeto que agora ganha força e estrutura a cada ano.
“O nome ‘Caminho da Gratidão’ nasceu da beleza natural do trajeto, da história das comunidades envolvidas e da espiritualidade presente em cada parada”, explica José Abel, vice-presidente da associação. Os peregrinos são em sua maioria pessoas com experiências anteriores em rotas como o Caminho de Santiago de Compostela, o Caminho da Fé e o Caminho de Caravaggio.
A proposta da caminhada vai além da fé. Como ressaltou o turismólogo Francisco Reis, “é também um produto turístico, com forte impacto nos municípios por onde passa. Movimenta pousadas, restaurantes, comércios locais e valoriza o patrimônio histórico-cultural”. Ele destaca que o turismo religioso é um segmento em crescimento e que vem sendo fortalecido com iniciativas como essa.
PERCURSO
O ponto de partida é a igreja Histórica São Domingos, mas antes os peregrinos visitam a Casa do Turista, na Praça XV de Novembro, em Torres. A partir dali os peregrinos recebem um passaporte de registro, com indicações de hospedagem, pontos de apoio e carimbos distribuídos ao longo do percurso. O roteiro completo também está disponível no site da associação e na plataforma Wikiloc (https://pt.wikiloc.com/), com marcações de quilômetro em quilômetro.

A manutenção e sinalização da trilha são permanentes. “Estamos na Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso, e por isso precisamos garantir que o caminho esteja sempre bem sinalizado e com supervisão e acompanhamento constante”, afirmou Oliveira.
Além do evento anual após a Páscoa, a trilha pode ser feita de forma independente, como fez Maria de Fátima, uma peregrina de 73 anos com Parkinson, que percorreu os 420 km sozinha em cerca de 25 dias. “Ela se encantou tanto por Torres que gastou um quarto do orçamento aqui e ainda ficou quatro dias na cidade”, contou Francisco.
ASSOCIAÇÃO
A associação, hoje legalmente constituída, conta com sócios fundadores, contribuintes, beneméritos e busca o apoio de prefeituras locais. “O desafio agora é consolidar o apoio público por meio de leis municipais. São 19 cidades, não é simples, mas é possível”, disse Heriberto.
Mais do que uma caminhada, o Caminho da Gratidão é uma jornada de desapego, fé e redescoberta. “A gente aprende que precisa de pouco para viver. O caminho ensina isso”, resume José Abel. E com cada passo rumo ao santuário de Madre Paulina, os peregrinos deixam não só pegadas no chão, mas também marcas de fé e transformação por onde passam.
FOTOS: ARQUIVO CAMINHO DA GRATIDÃO









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