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Cemitério descoberto próximo a igreja São Domingos é investigado como primeiro cemitério de Torres

por Melissa Maciel
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O promotor Federal, André Casagrande Raupp, da Procuradoria da República em Capão da Canoa, promoveu reunião virtual na última terça-feira, 4 de maio, para tratar do processo investigativo sobre o “Cemitério da Capela”, em Torres, considerado o primeiro campo santo da cidade. Participaram os representantes do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (IPHAN), do Estadual (IPHAE), do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural de Torres (COMPHAC) e da Prefeitura de Torres, com o objetivo de dar sequência à identificação e demarcação do possível sítio funerário da capela curada de São Domingos das Torres.

As documentações do cemitério foram localizadas pelo jornalista e historiador, Nelson Adams Filho, ao realizar pesquisas sobre a igreja de São Domingos e a datação da Festa de São Domingos junto a documentos da Mitra Diocesana, arquivados em Osório. Segundo o pesquisador Nelson, foi localizado o Livro de Óbitos da igreja de São Domingos das Torres aberto em abril de 1826 e que já em maio registrava o primeiro falecimento: Jexissima, filha de um casal de índios missioneiros que morava nas Torres à época.

O Livro de Óbitos 1, do período de 1826 a 1859, registra 258 mortes, cujos corpos foram sepultados neste Cemitério da Capela. A grande maioria de crianças vitimadas por “mal da terra”, ou seja, verminose. No local também está sepultado o pioneiro das Torres, o Alferes Manoel Ferreira Porto; o pioneiro de Sombrio, João José Monteiro de Guimarães, além de militares, escravos, negros, índios e os primeiros imigrantes alemães que chegaram ao povoado“, conta Nelson.

Registros do Livro de Óbitos 1 – 1826 a 1859 – Capela Curada da Igreja de São Domingos das Torres

Através da Oralidade, uma das ferramentas da pesquisa histórica, referenciada pelo pesquisador local, falecido recentemente, Bento Barcelos da Silva, foi identificada uma área próxima à capela e que poderia ser o referido cemitério. Posteriormente, em pesquisa de campo que contou com a participação da arqueóloga Solange Barbosa de Almeida, da professora Tais Tournier, do pesquisador Bento Barcelos da Silva e do historiador Nelson Adams Filho, foram localizados os primeiros ossos humanos nessa área.

A pesquisa teve também a participação do Projeto Descubra Torres. A pesquisa do cemitério, juntamente a da datação da Festa de São Domingos das Torres, com 194 anos completados em 2020, e novas pesquisas sobre a construção da igreja de São Domingos das Torres compõem o livro editado pelo jornalista e historiador Nelson Adams Filho em novembro de 2020 e componente da Coleção História Torres.

Área em investigação como local do “Cemitério da Capela”

Investigações acerca do local serão continuadas

Na reunião virtual que tratou sobre dar ou não prosseguimento às investigações do sítio funerário, Nelson afirma que tanto o Iphan, por meio do arqueólogo, Alberto Tavares Duarte, e pela procuradora, Estela Vitela Gonçalves, quanto o Iphae, por meio do diretor Savoldi, concordaram com a importância do sítio e foram favoráveis ao prosseguimento das ações de prospecção arqueológica.

A reunião resultou em encaminhamentos dirigidos a Prefeitura Municipal de Torres. O promotor André Raupp solicitou ao município uma série de ações e documentos que validem a ação de prospecção arqueológica. Neson explica que para realizar tal prospecção é necessário que o Iphan emita uma Portaria autorizando as escavações arqueológicas, conforme determina a legislação brasileira sobre o tema.

Também participaram da reunião o presidente do Comphac, arquiteto Efreu Quintana, e a Diretora de Cultura e secretária do Comphac, Maria do Carmo Conforti. As determinações elencadas pelo MP Federal têm prazo de conclusão de 60 a 90 dias.  

O jornalista e historiador, Nelson Adans Filho, esteve em entrevista na Rádio Maristela falando sobre os desdobramentos da descoberta do “Cemitério da Capela”. Confira:


Registro histórico

De acordo com Nelson, uma das próximas ações no campo da pesquisa histórica será detalhar os dados dos 258 sepultamentos, com nome das pessoas, filiação, motivo da morte e origem da família. Todos esses dados foram registrados no Livro de Óbito 1 da Capela das Torres pelos diversos párocos que passaram pela localidade entre 1826 e 1859.

“Era uma determinação da Igreja à época, com base no Concílio de Trento (1846 – 1863) que ordenava aos párocos o assentamento dos dados básicos da vida do fiel (nascimento, batizado, casamento e morte)”, explica Nelson, afirmando que o “Cemitério da Capela” é o primeiro das Torres e o segundo se for levado em conta o cemitério cristão existente na Itapeva até 1825, sendo utilizado até 1866/70, ano em que começa a existir o chamado depois de “o cemitério das areias“, localizado na confluência das ruas padre Lomônaco e Cruzeiro do Sul, face Sul do Morro do Farol. Já o cemitério no topo do Morro, presente na memória dos habitantes de Torres e região, é o terceiro ou quarto, se for computado o da Itapeva, tendo registros a partir de 1896. 

O jornalista e historiador, Nelson Adans Filho, lançou em 19 de fevereiro o livro “Igreja de São Domingos das Torres e a Festa de São Domingos”, no qual consta também a descoberta do “Cemitério da Capela”.

Central de Jornalismo – Rádio Maristela

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