Identificar e integrar à alimentação os vegetais nutritivos que facilmente crescem nos quintais, hortas e jardins ainda é um desafio para a maioria das pessoas. Pensando nisso, e motivado pela participação, no ano passado, em um grande evento sobre plantas alimentícias não convencionais no Sul do estado, o Grupo Panc organizou no dia 9 de junho na casa da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Urbanas em Três Cachoeiras, o Encontro Construir o Paladar Panc, com a agricultora e acadêmica de Nutrição Franciele Bellé.
Referência no uso e comercialização das Panc, a jovem contou um pouco da sua história com as Panc, que começou com a avó paterna em Antônio Prado, na Serra Gaúcha. Apesar de produzir alimentos para consumo e comercialização, a horta tinha muitas Panc, que por necessidade eram consumidas pela numerosa família. Assim como os Bellé, muitos outros imigrantes italianos, alemães, indígenas e negros escravizados comiam regularmente plantas espontâneas. Por essa razão, até recentemente as Panc estiveram associadas principalmente à pobreza e fome.
A mudança de mentalidade sobre as Panc, foi, conforme Franciele potencializada pelo lançamento, 11 anos atrás, do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil, de Valdely Kinupp e Harri Lorenzi. Mas apesar da mudança de status, elas ainda estão distantes da alimentação diária popular.
“A gente aprendeu que salada é alface e tomate. Isso fica no nosso inconsciente e no nosso corpo”. Como estratégia para introduzir novos sabores e texturas das Panc, Franciele propõe que sejam associadas a vegetais já conhecidos. “Toda vez que a gente come algo pela primeira vez, nosso cérebro tem tendência de associar a algo que já se conhece. Precisa ter algo a associar. Alguém vai associar ora pro nobis a espinafre, alface.


Cozinhando com as Panc
Na segunda parte do encontro, os e as quase 40 participantes foram divididos em grupos. Cada um ficou responsável pelo preparo e apresentação de um prato. Antes do almoço, cada grupo descreveu os ingredientes utilizados e a forma de preparo. No prato do grupo da agricultora e cozinheira Panc Maria Inês Gonçalves Flores tinha mangará.
“É o umbigo da bananeira. O nome indígena é bem popular. É um alimento que a gente tem muito por aqui (litoral norte/RS) e está precisando ser mais popularizado. Eu sonho ainda que o mangará chegue até as compras públicas, que ele chegue em vários espaços: escolas, presídios, hospitais e agroindústrias. Dá para embalar esse alimento a vácuo, que facilite a vida nos ambientes onde ele for entrar. Esse é o meu recado”.
Presenças
Pessoas agricultoras, empreendedoras, nutricionistas e outras, de diversos municípios da região, representaram diversas comunidades e entidades públicas e privadas dos municípios de Osório, Maquiné, Três Forquilhas, Morrinhos do Sul, Três Cachoeiras, Torres, Dom Pedro de Alcântara e Mampituba.
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